Com alto preço do boi, frigoríficos terão que se adaptar para sobreviver
Com alto preço do boi, frigoríficos terão que se adaptar para sobreviver O cenário de escassez de boi gordo que leva a altas recordes nos preços não deverá mudar no curto prazo, segundo especialistas do setor, e 2015 tende a ser um ano de rearranjo entre frigoríficos que enfrentam dificuldades para manter seus negócios saudáveis. A alta do preço do boi eleva os custos dos processadores, mas a inflação ascendente e a desaceleração da economia brasileira reduzem o apetite dos consumidores pela carne bovina mais cara. Esse quadro dificulta o repasse integral da alta dos custos com o boi gordo para o produto final, comprimindo as margens do setor. No exterior, o Brasil também tem enfrentado queda das vendas. As exportações de carne bovina brasileira in natura em março somaram 82,1 mil toneladas, ou US$ 339,4 milhões, com queda de 5,2% no volume e de 11,6% na receita em relação a igual período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgados na quarta-feira (1). "Está ruim para todos. Os grandes também estão sofrendo, mas evidentemente que sofrem menos que os pequenos e médios", disse o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, à CarneTec, na quarta-feira. "Isso (consolidação do setor) pode acontecer, como também podem ser criados outros frigoríficos. Esse mercado é muito dinâmico", completou. A Abrafrigo já havia alertado para o risco de fechamento de frigoríficos mais cedo neste ano. Apenas em março, pelo menos dois frigoríficos anunciaram o fechamento, segundo Salazar. Ele defende um programa de estímulo à expansão da pecuária bovina no Brasil, com aumento da produtividade dos rebanhos. "Mas é uma questão de longo prazo. Em 2015, vamos ter todas essas dificuldades permanecendo, sem dúvida nenhuma", acrescentou Salazar. A economia doméstica em desaceleração continuará pressionando a indústria a manter os preços no atacado em patamares competitivos e a tentar evitar a migração dos consumidores para carnes mais baratas, segundo estudo divulgado pelo Rabobank, na quarta-feira. No entanto, a perspectiva de manutenção de alta do boi gordo vai limitar a capacidade de redução de preços para o consumidor, segundo consultores. "Apesar de o consumidor estar bastante restritivo, a oferta muito escassa de gado deve manter o boi caro durante o ano, o que limita a queda do preço da carne", disse o consultor da MBAgro Cesar de Castro Alves à CarneTec. O consultor Alex Lopes da Scot Consultoria reforça que a possibilidade de queda no preço do boi está descartada para este ano, dadas as condições do mercado. "Temos um cenário para consumo de carne bovina muito ruim, abrindo espaço para a carne de frango", afirmou à CarneTec Fonte: BeefWorld
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