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25/11/2016
Bem estar do rebanho traz vantagens ao pecuarista, afirma diretor da SNA


Uma das principais preocupações do mercado brasileiro e internacional de leite e de carnes tem sido o bem estar animal, como forma de garantir mais qualidade do produto comercializado, sem causar estresse ao rebanho, especialmente durante seu período produtivo.
De olho em novas formas de criação de bovinos, diversos órgãos de pesquisa e instituições representativas do agronegócio estão atentas a esse cenário, orientando pecuaristas. É o que observa Alberto Figueiredo, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura e representante da SNA na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Para alcançar um bom desempenho na produção do gado de leite e de corte, é importante observar o calendário de vacinação no seu devido tempo; se a nutrição do rebanho está equilibrada; se o manejo no campo está correto; e se o ambiente onde os animais vivem é saudável”, informa.
É exatamente aí que entra um novo estudo conduzido, no país, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: o “Compost Barn”, traduzido livremente como “Estábulo de Composto”. Trata-se de um novo tipo de confinamento que aumenta o bem estar do rebanho, já empregado em países de clima temperado e que agora vem sendo avaliado nas condições brasileiras.
Adotado nos anos 80 por pecuaristas do Canadá, Estados Unidos, Israel e Holanda, esse método produtivo chegou ao Brasil em 2011. Atualmente, conforme a Embrapa, sua aplicação em campo envolve cerca de 300 criadores, que adaptaram antigos “free stalls” ou construíram um novo sistema de confinamento.
“Por ser uma tecnologia importada de países com clima temperado é necessário que verifiquemos sua adaptabilidade às condições tropicais”, relata o pesquisador Alessandro Guimarães, da Embrapa Gado de Leite (MG), que está à frente desse trabalho desde o início, em 2014.
CONFINAMENTO
No último dia 17 de novembro, a Embrapa realizou um workshop para apresentar o Compost Barn, ocasião que contou com a participação do diretor da SNA Alberto Figueiredo.
“É muito interessante, porque esse novo sistema de confinamento objetiva oferecer mais conforto aos animais, inclusive com banho de água para resfriamento, local seco e macio para o descanso (em camas), além de ambiente arejado por potentes ventiladores, entre outros benefícios”, cita.
Figueiredo ressalta que também existe uma preocupação com o meio ambiente, “uma vez que as fezes e a urina são incorporados ao substrato absorvente, constantemente revirados para permitir que o ar, propositalmente ventilado, promova a secagem”. “Com isso, cria-se um composto orgânico útil para a fertilização do solo, sem a produção de efluentes líquidos prejudiciais aos cursos hídricos”, comenta.
Conforme a Embrapa Gado de Leite, a nova forma de tratar o animal (pelo Compost Barn) é uma alternativa aos sistemas de produção de leite em confinamento, denominados free stall, onde as vacas ficam retidas em baias de poucos metros quadrados; ou tie stall, onde os animais são criados, também em baias individuais, mas são presos a correntes.
O Compost Barn tem como característica principal permitir que os animais transitem livremente no estábulo, ou seja, mesmo confinadas, as vacas leiteiras circulam à vontade, interagindo com as demais, possibilitando que esses animais exercitem seus instintos sociais com o grupo e apresentem cio com mais facilidade, melhorando os próprios índices reprodutivos.
Outra característica importante do novo tipo de confinamento, segundo a Embrapa Gado de Leite, é a utilização de uma “cama” orgânica que cobre todo o estábulo. Por causa disso, demais aspectos de engenharia agronômica foram alterados em relação aos sistemas tradicionais. As antigas baias, por exemplo, com suas camas de areia ou de borracha, são abolidas.
No lugar do concreto, que geralmente causa danos aos cascos dos bovinos, o piso do estábulo é feito por um material orgânico, que pode ser de serragem e de casca de amendoim, ou outro material orgânico que seja de baixo custo e de fácil disponibilidade para o pecuarista.
CUSTOS AO PRODUTOR
Como qualquer novidade que surge no setor agropecuário, o custo das inovações ao produtor rural é um fator que atrai muita atenção. Palestrante em um workshop da Embrapa Gado de Leite, realizado no último dia 17 de novembro (que contou com a participação do diretor da SNA Alberto Figueiredo), o pecuarista argentino Cristian Chiavassa informou que a implantação do Compost Barn pode ser 50% mais barato do que um free stall. A expectativa é de que o novo tipo de confinamento, depois de pronto, gire em torno de R$ 4,5 mil por vaca, quantia ainda vista como bem alta, aqui no Brasil.
“Como se trata de um projeto de custo elevado, ele ainda ficará restrito a um conjunto menor de produtores, pelo menos, nesse primeiro momento. É de se sugerir que a Embrapa, com base nos conceitos positivos do sistema, procure identificar alternativas que, atingindo os mesmos objetivos, tenham um custo menor, e que possam ser construídos em módulos, à medida em que os projetos de produção vão evoluindo financeiramente”, analisa o diretor da SNA. “Mas os empresários rurais, que já fizeram a opção por esse novo projeto, se mostram bastante otimistas em relação aos resultados que têm obtido”, conta Figueiredo.
VANTAGENS
Ainda considerando o bem estar animal, ele comenta que, principalmente, “o sol forte, as temperaturas elevadas e os ambientes úmidos, além de provocarem queda da produção de leite das vacas, em decorrência do estresse térmico, são fontes de doenças, como infecções no úbere, problemas de fertilidade, dificuldades de reprodução”. “São situações que interferem nos resultados financeiros do empreendimento pecuário”, alerta.
Para Figueiredo, “proporcionar bem estar aos animais, além de ser uma responsabilidade ética de quem os mantém em cativeiro, é uma questão de gestão, uma vez que ela se traduzirá em resultados financeiros imediatos”. “Assim, favorecer o bem estar aos animais é uma alternativa inteligente, acima de tudo. Preocupar-se com isso também significa que o produtor poderá dobrar a produção leiteira por vaca, sem elevar os custos produtivos. Isso é puro lucro”, comenta Figueiredo.

Fonte: Agrolink


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