Cientistas brasileiros desenvolvem rebanho musculoso com 10% a mais de carne
Numa fazenda de Araçatuba, em São Paulo, vive o primeiro rebanho de uma variedade brasileira de nelore nascida com a promessa de aumentar a produtividade e reduzir os custos ambientais da pecuária de corte. Parte do doutorado do veterinário Rodrigo Alonso, o estudo é resultado de 12 anos pesquisas. Uniu seus conhecimentos sobre nelore com o que se sabia a partir dos testes genéticos do pesquisador Amílcar Tanuri, professor da UFRJ e co-orientador do doutorado de Alonso no Departamento de Reprodução Animal da USP. Numa fazenda de Araçatuba, em São Paulo, vive o primeiro rebanho de uma variedade brasileira de nelore nascida com a promessa de aumentar a produtividade e reduzir os custos ambientais da pecuária de corte. Parte do doutorado do veterinário Rodrigo Alonso, o estudo é resultado de 12 anos pesquisas. Uniu seus conhecimentos sobre nelore com o que se sabia a partir dos testes genéticos do pesquisador Amílcar Tanuri, professor da UFRJ e co-orientador do doutorado de Alonso no Departamento de Reprodução Animal da USP. “Você reduz a necessidade de mais pastagens. A pecuária brasileira é muito improdutiva. O que propomos é aumentar a produção sem aumentar pastagens”, salienta Tanuri. Os dois pesquisadores deram ao nelore as características e o porte do gado de corte europeu, que é mais produtivo, mas incapaz de se adaptar ao clima tropical da maior parte do Brasil. O nelore, originário da Índia, está mais do que em casa por aqui, representando cerca de 80% das 200 milhões de cabeças de gado de corte locais. Resistente e bem adaptado, ele ganhou porte atlético graças a uma mutação que normalmente não apresenta, no gene da miostatina, associado ao desenvolvimento muscular. Essa modificação pode ocorrer naturalmente em todos os vertebrados, de seres humanos a peixes. Ela confere uma aparência extremamente musculosa e já foi identificada em crianças que nascem muito fortes. Com a mutação, a miostatina não inibe o crescimento de músculos e confere a seus portadores a chamada dupla musculatura. Vacas de raças europeias, em especial a belgian blue, foram selecionadas por terem essa mutação e serem muito musculosas. “A belgian blue, assim como outras semelhantes, não se adapta ao clima do Brasil. Se fôssemos fazer somente a seleção tradicional por cruzamentos pouco específicos, levaríamos cerca de 30 anos para chegar ao resultado que obtivemos em 12”, explica Alonso. A primeira etapa foi cruzar o nelore com a belgian blue, por inseminação artificial. Com testes genéticos, selecionaram os filhotes que tinham a mutação e estes foram usados para a reprodução. A partir daí, somente embriões de nelore com mutações foram escolhidos. “Após cinco gerações, obtivemos animais que são quase 100% nelore, mas têm a mutação. Eles já nascem mais musculosos”, diz Alonso. Hoje o rebanho de Nelore Myo tem cerca de 500 animais de diferentes idades e graus de pureza nelore, todos com a mutação. “Cinquenta bezerros já são da quinta geração, 100% nelore e com a mutação. Há também 20 mil doses de sêmen para distribuir para produtores interessados no projeto.” Fonte: BeefPoint.
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