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18/09/2017
JBS fica fora das compras de gado terminado


Dado o peso da JBS no mercado, muitos frigoríficos concorrentes tiraram o pé do acelerador e decidiram esperar até o início da semana que vem para retomar o ritmo normal de compras. Nesse contexto, praças importantes não tinham ontem sequer indicação de preços para a arroba do boi.

“Hoje [ontem] está tudo parado. A JBS não está comprando nada e outro grande frigorífico com atuação forte nessa região só tem escala para o dia 25 de setembro”, afirmou o pecuarista Antônio Celso Barbosa Lopes, diretor da Associação dos Produtores do Vale do Araguaia (Aprova).

“Houve uma desaceleração geral. Com a JBS fora, os outros frigoríficos também pararam de comprar, para tentar jogar os preços para baixo. É o jogo normal do mercado”, disse um dos maiores pecuaristas de Mato Grosso.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, nenhuma das 36 unidades de abate de bovinos da JBS no país estava fazendo compras ontem. Procurada, a companhia, que vinha abatendo cerca de 150 mil cabeças por semana, não comentou.

O setor diverge sobre os motivos desta paralisação. Uma possibilidade está relacionada aos fundamentos de mercado, como o fraco consumo doméstico de carne bovina.

Segundo Alex Lopes, analista da Scot, a JBS compra cerca de um quarto do gado bovino do país, e a suspensão de compras pode gerar grandes efeitos no mercado. ” Mas devemos lembrar que, como ocorreu durante a Operação Carne Fraca, pode ser uma retração de preços de boi gordo] pontual.”

“Não vejo relação entre a prisão preventiva do presidente da JBS, Wesley Batista, e essa parada. Pensando em fundamento, não faz sentido uma possível mudança de direção alterar a operação de uma empresa muito bem estruturada”, acrescentou.

O consultor da Agro Agility, Gustavo Figueiredo, disse que pode estar havendo uma reestruturação interna da empresa, mas que ele acredita que a retomada das compras de boi gordo deve ser rápida. Segundo Figueiredo, o frigorífico já trabalhava com escalas curtas, ou seja, um pequeno estoque de bois prontos para serem abatidos e, por isso, não deve tardar a comprar mais. “Caso isso não ocorra, ai o problema estará instalado”, afirmou.

Ele disse que nas praças de Presidente Prudente e Promissão, em São Paulo, desde a prisão de Joesley Batista, irmão de Wesley, na segunda-feira, os preços a prazo da arroba já haviam caído de R$ 150 para R$ 147. “A retração foi agravada com a prisão do Wesley”, disse. Ele afirmou que alguns poucos negócios estavam sendo fechados ontem por R$ 146 a prazo e R$ 143 à vista.

Conforme Figueiredo, além de outros grandes frigoríficos terem tirado o pé, muitos pequenos haviam ampliado as compras antes da prisão de Wesley e tendem a também esperar qual será a estratégia da JBS.

A XP Investimentos afirma que a parada do maior frigorífico do País teve reflexo para as indústrias de menor porte, que vinham alongando suas escalas. “Estas também saem das compras e seguem sem preço de balcão até segunda ordem”, informou a XP.

O preço do boi gordo registrou forte queda no primeiro semestre do ano, pressionado por eventos como a Operação Carne Fraca, a delação dos irmãos Batista e retomada da cobrança do Funrural. Com a entrada da entressafra – que ocorre no período mais seco do ano -, a oferta de animais se restringiu e a cotação da arroba subiu. O indicador do boi gordo da Esalq/USP subiu 16% no acumulado do mês passado para R$ 143,20/arroba, à vista.

No entanto, esse quadro mudou no início de setembro. O valor da matéria-prima perdeu a firmeza em diversas praças, inclusive em São Paulo, principalmente por causa do fraco consumo doméstico de carne bovina no Brasil, que absorve cerca de 80% da produção interna.

Ontem, o indicador do boi gordo ficou em R$ 143,92/arroba, queda de 0,04% ante o dia anterior. “Apesar dessas quedas, no acumulado do mês (até o dia 12 de setembro), o indicador ainda registra alta de 0,71%, refletindo a baixa oferta”, afirma o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).

O cenário é mais ou menos o mesmo que o observado em meados de maio, quando o mercado demorou algumas semanas para voltar ao normal. E, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o tremor afetou os abates no segundo trimestre do ano, ainda que o principal problema para os resultados no período tenha sido a Operação Carne Franca, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março para investigar casos de corrupção entre fiscais agropecuários e funcionários de frigoríficos.

“Desmembrando o segundo trimestre em meses, vimos que muitos estabelecimentos entraram em férias coletivas em abril por causa da operação. Quando eles retomaram as atividades, em maio, houve a delação [dos executivos da JBS], o que gerou incertezas e afetou as vendas – neste caso, especialmente de bois”, confirmou Angela Lordão, gerente de Pecuária no IBGE.

Fonte: BeefPoint.


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