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04/11/2010
Conseboi harmonizaria a relação entre criador e indústria


Outra iniciativa da cadeia produtiva da carne é a criação do Conseboi, nos moldes do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Consecana). "O Conseboi reuniria pecuaristas e representantes da indústria frigorífica e atuaria como um harmonizador de preços. O conselho tornaria a relação produtor-indústria transparente", acredita José Lemos Monteiro, da Famasul. "A ideia seria criá-lo por meio da Câmara Setorial de Bovinos de Corte de Mato Grosso do Sul, mas o debate ainda é embrionário."

Oriundo do setor de cana, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Eduardo Biagi, acredita que uma saída para o entendimento no setor de carnes seria mesmo a criação de um conselho nos moldes do Consecana. "Antes do Consecana, o produtor de cana recebia pelo peso; hoje, recebe pelo teor de açúcar, o que é bom para todas as partes. No caso do boi é a mesma coisa. O pecuarista tem de receber por qualidade e isso só é possível com a definição de critérios técnicos."

Antes de se falar em Conseboi, é preciso mudar a mentalidade dos pecuaristas, diz a consultora Silvia Morales de Queiroz Caleman. "Os pecuaristas são muito autônomos, mas precisam aprender a trabalhar em parceria, um com o outro. Isso se chama coordenação horizontal, que são iniciativas de associação entre os mesmos elos de uma cadeia", explica. Para ela, o Conseboi é interessante, mas poderá se consolidar só a longo prazo. "Um dos princípios do conselho é que as partes abram as planilhas de custo e isso é pouco provável que ocorra."

Interação. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, o desgaste da relação entre pecuarista e indústria é resultado da falta de interação da cadeia produtiva. "A cadeia não é composta só por produtor e indústria. Tem o setor de insumos, tem o varejo. Essa interação é essencial para termos uma cadeia sadia."

Sobre a criação do Conseboi, Camardelli garante que a indústria tem interesse em participar. "Iniciativas que têm por objetivo harmonizar a cadeia são muito bem-vindas."

*CENÁRIO

Cinco grupos concentram 30% do mercado

O professor da Esalq/USP Sergio De Zen informa que, hoje, cinco grandes grupos detêm pelo menos 30% do mercado de carne no País. "Esses grupos são s que possuem o Selo de Inspeção Federal (SIF). Se considerarmos os selos de inspeção estadual e municipal, esse número se dilui."

Para De Zen, que é pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), uma maneira de o criador se proteger das oscilações e da concentração do mercado é lançar mão de mecanismos como o mercado futuro. "Nesse tipo de ferramenta, o produtor de carne está bastante evoluído, tanto que a bolsa tem batido recordes", diz o pesquisador, lembrando que em pregão na semana passada o mercado de boi gordo registrou recorde, com 23.613 contratos negociados, entre futuros e opções. "O pecuarista pode travar preços com o frigorífico, no chamado contrato a termo", explica. O pecuarista José Lemos Monteiro concorda. "É uma ferramenta interessante, desde que o pecuarista tenha todos os custos na ponta do lápis."

De Zen diz, ainda, que tecnicamente o conceito do Conseboi é contestável, porque a carne apresenta dispersão gigantesca de preços e de tamanho de cortes. "No caso da cana, o Consecana funciona muito bem porque todas as commodities que a compõem têm critérios e preços bem definidos. Na carne há vários preços para vários produtos diferentes."

FONTE: Estadão


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