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06/03/2018
Polícia Federal deflagra nova fase da Operação Carne Fraca


A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta segunda-feira, 5, a 3ª fase da Operação Carne Fraca, denominada Operação Trapaça, que tem como alvo das investigações laboratórios credenciados no Ministério da Agricultura e unidades de aves da empresa BRF.

“As investigações demonstraram que cinco laboratórios credenciados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e setores de análises de determinado grupo empresarial fraudavam resultados de exames em amostras de seu processo industrial, informando ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas técnicos”, diz a nota divulgada pela PF.

As fraudes tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal (SIF/MAPA), do ministério, e, com isso, não permitir que a pasta fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da empresa. A presença e quantidade real da salmonela foram omitidas em alguns casos.

A ração oferecida ao frango antes do abate também era objeto de fraude, de acordo com o delegado da PF Maurício Boscardi Grillo. Ele conta que muitas provas surgiram após as fases anteriores da Carne Fraca e trocas de e-mails bastante consistentes entre executivos e funcionários do controle de qualidade comprovam o esquema de fraude, que era parte da "estratégia da empresa".

O coordenador geral do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Alexandre Campos, afirmou, em coletiva, que, em 2017, 12 países fizeram 410 notificações ao Brasil sobre a presença de salmonela em produtos importados do país. A salmonela, comum em carnes de aves, é permitida para comercialização até determinados níveis, porém, 12 países compradores a colocam como requisito restritivo para venda.

Operação - Estão sendo cumpridas 91 ordens judiciais no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo. São 11 mandados de prisão temporária, sendo que 10 já foram realizados - falta apenas a prisão de um ex-gerente da planta de Carambeí, PR, da BRF -, 27 de condução coercitiva de testemunhas e 53 de busca e apreensão.

Segundo a PF, cerca de 270 policiais federais e 21 auditores fiscais federais agropecuários participam dos trabalhos “como resultado de ação coordenada entre a PF e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O nome da operação - Trapaça - é uma referência ao sistema de fraudes operadas por um “grupo empresarial do ramo alimentício e por laboratórios de análises de alimentos a ele vinculados”.

BRF - O ex-presidente da BRF, Pedro de Andrade Faria (2015 a 31 de dezembro de 2017), e o ex-diretor-vice-presidente, Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior, foram presos.

As investigações indicam que a prática das fraudes contava com a anuência de executivos do grupo empresarial, bem como de seu corpo técnico, além de profissionais responsáveis pelo controle de qualidade dos produtos da própria empresa.

Também foram constatadas manobras extrajudiciais, operadas pelos executivos do grupo para acobertar a prática desses ilícitos ao longo das investigações. Os investigados poderão responder, dentre outros, pelos crimes de falsidade documental, estelionato qualificado e formação de quadrilha ou bando, além de crimes contra a saúde pública.

Em comunicado, a BRF declarou que está "se inteirando dos detalhes" e colaborando com investigações para esclarecer os fatos. "A companhia segue as normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos", disse. Por fim, a BRF afirmou que permanece "inteiramente à disposição das autoridades, mantendo total transparência na interlocução com seus clientes, consumidores, acionistas e o mercado em geral".

Nota do Mapa - A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgou nota sobre a Operação Trapaça.

A SDA explica na nota que tem uma equipe de auditoria especializada atuando com a Policia Federal, "que pode adicionar ferramentas de investigação para desvendar este processo de fraude que poderia comprometer o sucesso de programas higiênico-sanitários no Brasil".

Conforme a nota, as empresas investigadas burlavam a fiscalização preparando amostras, por meio dos laboratórios investigados, com o objetivo de esconder a condição sanitária dos lotes de animais e de produtos, evitando assim, uma medida corretiva restritiva do Serviço Oficial.

A SDA esclarece que o alvo principal desta operação é a fraude nos resultados de análises laboratoriais relacionados ao grupo de bactérias Salmonella spp. A presença da bactéria salmonela é comum, principalmente em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais. No entanto, quando utilizados os procedimentos adequados de preparo e de consumo, minimizam os riscos no consumo da salmonela, uma vez que a bactéria é destruída em altas temperaturas, como frituras e cozimento. Em coletiva, Alexandre Campos da Silva, do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, afirma que o risco à saúde pública não está configurado nesse caso, mas que o ministério fará parte das investigações para garantir isso, já que os laboratórios investigados realizam outros tipos de análises.

"Dentre os mais de 2 mil sorovares, existem dois de preocupação para a saúde animal e dois de saúde pública, que devem desencadear medidas específicas dentro das granjas avícolas e nos produtos sabidamente positivos para salmonela, visando a melhoria do manejo, a redução de riscos do campo à mesa do consumidor final", diz a SDA.

O órgão do Ministério da Agricultura acrescenta "que o processo de fiscalização do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal já havia identificado irregularidades nos procedimentos para respaldo à certificação sanitária implementada em algumas unidades frigoríficas, o que resultou em exclusão destes estabelecimentos para exportação aos 12 países que exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de Salmonella SPP".

Os procedimentos adotados pela SDA a partir desta ação conjunta com a Polícia Federal são:
- Suspensão do credenciamento dos laboratórios alvo da operação, até finalização dos procedimentos de investigação, que poderão resultar no cancelamento definitivo do credenciamento;
- Suspensão dos estabelecimentos envolvidos para exportar a países que exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de Salmonella SPP;
- Implementação de medidas complementares de fiscalização, com aumento de frequência de amostragem para as empresas envolvidas, até o final do processo de investigação.

Além disso, outras providências serão tomadas:
- Implementação pela SDA de novos modelos de controle de laboratórios credenciados visando a redução de fraudes;
- Aprimoramento de ferramentas de combate a fraudes em alimentos, como também continuidade de ações já desempenhadas pelo Serviço de Inspeção Federal, possibilitando redução de não conformidades a curto e médio prazo.

Fonte: Portal DBO


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