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31/03/2011
Alta da arroba aquece venda de tourinhos


A valorização do boi gordo, com a arroba cotada acima de R$ 100 desde outubro de 2010, tem se estendido a diversos setores da cadeia produtiva. O de touros comerciais, os chamados tourinhos, é um deles. São animais obtidos por meio de programas de melhoramento genético, mas que, ao contrário dos animais de elite, arrematados por cifras milionárias e encaminhados para centrais de inseminação, são vendidos em leilões ou diretamente nas fazendas para integrar rebanhos comuns e melhorar sua genética.

Com o objetivo de aproveitar o ciclo de alta, que começou em 2008 e deve se manter até o fim de 2012, creem os especialistas, pecuaristas passaram a mirar no aumento dos plantéis. A primeira medida foi deixar de abater as fêmeas. A segunda, que se intensificou em 2010 e deve se manter, é o investimento em tourinhos, cuja genética de alto nível ajuda a obter bezerros mais precoces, encurtando o ciclo produtivo, reduzindo custos e ampliando os lucros.

Investimento

"O pecuarista está tendo uma boa rentabilidade e isso o estimula a investir", diz o diretor-técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. Ele observa essa tendência já há algum tempo. Trata-se, segundo ele, de um movimento importante, já que é a genética que possibilita o aumento da produção necessária para atender aos mercados interno e externo. "O Brasil é um dos únicos, entre os grandes mercados de carne, com capacidade de aumentar sua produção. A genética está no centro disso", afirma.

"A venda desses animais tem se tornado cada vez mais popular à medida que o pecuarista se tecnifica e nota a mudança que o reprodutor traz já na primeira bezerrada", diz o consultor técnico da Scot Consultoria, Hiberville D’Athaide Neto.

Ele frisa que a valorização dos bezerros (que hoje estão cotados em aproximadamente R$ 740, na média do Cepea/Esalq-USP) automaticamente estimula o mercado de tourinhos, pois o criador vai em busca de reprodutores qualificados para gerar bezerros mais precoces e assim vender mais.

A valorização dos tourinhos também tem feito empresas especializadas em genética alterar o calendário de leilões. A Agropecuária CFM, do interior de São Paulo, por exemplo, vai ofertar, em 22 de março, 120 touros da raça nelore, em um pregão virtual. Segundo o coordenador de pecuária da empresa, Luis Adriano Teixeira, o grande número de consultas e visitas técnicas a várias fazendas do grupo levou a empresa a fazer uma oferta massiva.

"Normalmente esta época do ano é mais fraca e as vendas ocorrem na própria fazenda. Com a valorização da arroba do boi e o preço do bezerro em alta, porém, os pecuaristas têm se mostrado dispostos a investir para ter uma genética melhor", relata Teixeira.

A marca CV, de Carlos Viacava, de Paulínia (SP), também está adiantando para o dia 17 de março um leilão de touros nelores-mochos, 150 ao todo, que só ocorreria no início do segundo semestre.

Falta de chuva

Além da valorização dos animais, outro motivo estimulou o pregão fora de época: a falta de chuva nas pastagens entre agosto e novembro, que bloqueou o cio das vacas e consequentemente eliminou, no período, a necessidade de touros novos. "Com a volta das chuvas a partir de dezembro, o criador se movimentou para repor os touros e por isso trouxemos o leilão para março", diz Viacava.

O supervisor comercial de Vendas e Marketing da Agropecuária Jacarezinho, com sede em Valparaíso (SP), Daniel Schwahofer de Carvalho, conta que a empresa também tem tido grande procura por touros nos primeiros meses do ano.

Além de fatores de mercado, Carvalho confirma que a falta de chuva entre agosto e novembro no Centro-Sul atrasou a estação de monta. "Além disso, existem pecuaristas que preferem substituir seus touros agora para aproveitar preços menores do que os encontrados no segundo semestre, quando as vendas se tornam intensas."

Boa expectativa

Com procura maior as projeções de vendas também se ampliam, segundo Carvalho. No ano passado a empresa vendeu cerca de 800 touros. A expectativa para este ano é ultrapassar a marca do mil animais.

O mesmo ocorre com a Casa Branca Agropastoril, com sede em Fama (MG), que comercializa tourinhos das raças angus (vermelho e preto), simental e brahman. Conforme o proprietário da empresa, Paulo de Castro Marques, as vendas em 2011 devem crescer 15%, superando a marca dos 400 animais.

Com o aumento da demanda, o preço tem subido. Segundo a Scot Consultoria, entre 2009 e 2010 o preço médio dos touros vendidos no campo e em leilões passou de R$ 3.720 para R$ 4.100. Na CFM, os valores médios por animal passaram de R$ 4.400 para R$ 5.670 entre 2009 e 2010. "Os valores oscilam muito, por se tratar de leilões. Este ano, porém, a previsão é a de que os valores se mantenham por volta de R$ 5.500, prevê Teixeira.

"Os preços dos touros dependem muito da cotação da arroba. Se oscilar muito, o preço oscila também", completa Carvalho, da Jacarezinho. Ferraz, da FNP, alerta, porém, que uma escalada nos preços do touro pode prejudicar a pecuária, na medida que impede que produtores menores invistam em genética. "O desafio do setor de touros comerciais é continuar ofertando animais a preços acessíveis", diz.

Fonte: Estadão


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