Carne orgânica tenta espaço lá fora
Enquanto União Europeia e EUA estimam movimentar US$ 1 bilhão e US$ 600 milhões, respectivamente, com a comercialização de carne orgânica em 2011, o mercado brasileiro ainda engatinha para difundir o produto. De acordo com o projeto Organics Brasil, que reúne 72 exportadores, o segmento de orgânicos vendeu ao exterior US$ 108,2 milhões em 2010. A carne certificada representaria pouco mais de 10% desse total. Para tentar reverter o cenário, pecuaristas do Mato Grosso do Sul acabam de assinar um acordo com a Itália para divulgação e venda do produto na Europa. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), Leonardo Leite de Barros, a ideia é oferecer tanto a carne certificada como as que possuem um selo de qualidade social e ambiental, sem enquadrar-se totalmente na categoria, que exige uma série complexa e cara de procedimentos. "Este produto será um meio termo entre a carne orgânica e a normal, que é commodity. Queremos atender um mercado exigente, que busca produtos mais naturais e feitos com responsabilidade social, mas que não têm o selo orgânico", diz. Para entrar na Europa, as fazendas precisam aderir ao Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), que rastreia o gado com o "brinco" na orelha. A carne que será negociada com a Itália, mesmo não tendo o selo, virá de bois rastreados. O regime orgânico não permite o uso de adubo, exceto natural, como a cama de frango. A pastagem utiliza o sistema de rotação - mudança do pasto a cada sete dias. Quando há a necessidade de suplementação, como no período de seca, os pecuaristas empregam o sal com casca de soja. O animal não usa medicamentos alopáticos, só se não houver alternativa - como no caso da vacina antiaftosa. Quando a medicação tem que ser empregada, o gado entra em uma espécie de quarentena e, se precisar tomar mais de duas doses do mesmo medicamento, não pode mais ser vendido como orgânico. A ABPO foi criada em 2001 e envolve 20 fazendas nas cidades de Nhecolândia e Nabileque (MS). As unidades totalizam 110 mil hectares, com um rebanho aproximado de 55 mil cabeças de gado. Em 2006, a associação assinou acordo com os pecuaristas orgânicos do Mato Grosso para atender à demanda do frigorífico JBS-Friboi. Mais de 60% da produção de carne orgânica da empresa é exportada, principalmente para a Europa. Para atender às exigências internacionais é preciso que o animal também tenha nascido em fazenda orgânica. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Animais Orgânicos (Aspranor), Henrique Balbino, explica que para ter animais nascidos no regime, os pecuaristas de Mato Grosso precisariam aumentar o número de vacas em seus plantéis. O Mato Grosso tem hoje 200 mil cabeças criadas de modo orgânico. Com informações do Valor. FONTE: Pecuária.com.br
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