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27/07/2011
BRF define as fábricas que serão vendidas


A Brasil Foods anunciou ontem quais são as dez fábricas e quatro abatedouros que devem ser vendidos para atender às exigências feitas pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para aprovar a fusão Sadia/Perdigão, que deu origem à companhia.

A empresa irá vender as unidades de São Gonçalo dos Campos (BA), Bom Retiro do Sul (RS), Lages (SC), Salto Veloso (SC); Duque de Caxias (RJ), Santa Cruz do Sul (RS), Três Passos (RS) e Brasília (DF). Além disso, irá negociar parte das plantas de Carambeí (PR) e Várzea Grande (MT) e os equipamentos industriais da unidade de Valinhos (SP). Em quatro localidades, há tanto fábrica quanto abatedouro (São Gonçalo, Três Passos, Brasília e Carambeí).

A BRF também terá que se desfazer de 12 granjas, 4 fábricas de ração e 8 centros de distribuição. Além disso, será obrigada a repassar marcas, como Rezende e Doriana, assim como suspender a venda de alguns produtos da Perdigão e da Batavo por até cinco anos.

O Cade determinou ainda que esse conjunto de ativos terá de ser absorvido por apenas um concorrente. O objetivo é dar escala para que a empresa compradora possa competir com a BRF. "Estamos vendendo uma empresa com abrangência nacional e capacidade de concorrer conosco", disse Wilson de Mello Neto, vice-presidente de assuntos corporativos da BRF.

O diretor técnico da Informa Economics/FNP, José Vicente Ferraz, diz que, apesar do esforço, não há garantia de que a nova empresa consiga concorrer com a BRF. "É uma tentativa de preservar a concorrência, mas isso vai depender da qualidade de gestão de quem assumir."

A BRF estima uma perda de cerca de R$ 3 bilhões no faturamento após a venda dos ativos e a suspensão das marcas - 13% da receita líquida (R$ 22,6 bilhões). Os ativos vendidos têm capacidade para produzir 730 mil toneladas de alimentos derivados de carne e 96 mil toneladas de margarinas por ano, o correspondente a 80% da capacidade produtiva da Perdigão anterior à fusão.

Segundo analistas, as unidades colocadas à venda não incluem as fábricas mais modernas da Brasil Foods, localizadas em Rio Verde (GO), Lucas do Rio Verde (MT) e Vitória de Santo Antão (PE). O Cade estabeleceu o volume de vendas, mas foi a empresa que escolheu as unidades que disponibilizaria aos concorrentes. "O pacote não incluiu as melhores unidades, mas a maior parte das fábricas da BRF está muito acima da média do mercado", disse um analista que preferiu não identificar. Apesar da diferença tecnológica, esse tipo de indústria ainda é muito intensiva em mão de obra e as margens operacionais das fábricas da BRF são parecidas.

Segundo um outro profissional, o mais valioso é a logística de distribuição, que vai permitir acessar os clientes da BRF e mercados regionais. A empresa não divulgou onde estão localizados os oito centros de distribuição que serão colocados à venda.

Pedro Herrera, analista do HSBC nos EUA, acredita que empresas estrangeiras e brasileiras terão interesse no pacote. Ele destaca que as fábricas envolvidas estão associadas a um pacote de marcas populares, como Rezende, Wilson e Confiança. "Para uma multinacional que esteja interessada em entrar no mercado brasileiro e ter acesso aos consumidores emergentes do País, essa é uma oportunidade importante", disse Herrera.

Boa parte dos analistas acredita que o vencedor será um player local, porque o governo não gostaria de entregar os ativos a um estrangeiro. Nesse caso, o principal interessado seria o Marfrig, que já possui a marca Seara. O JBS também estaria no páreo, pois atua no setor de frangos no exterior, mas no Brasil permanece focada apenas em bovinos.

No total, as unidades colocadas à venda empregam cerca de nove mil funcionários e têm ao redor de 1.300 integrados, tanto de aves quanto de suínos, conforme a assessoria de comunicação da BRF. A lista, enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), provocou apreensão dos funcionários e criadores integrados ligados às plantas que serão vendidas.

Representantes dos sindicatos dos trabalhadores de algumas das localidades afetadas ouvidos disseram temer demissões após os seis meses durante os quais o comprador terá que manter o nível de empregos nas unidades. Já as entidades dos integrados reclamam que sequer têm garantia de prazo mínimo para a continuidade do fornecimento de animais. O prazo de seis meses sem demitir está previsto no acordo em que o Cade permitiu a compra da Sadia pela Perdigão.

Em Três Passos a BRF abate 1,3 mil suínos por dia e fabrica ração para abastecer os 200 integrados da região, informou o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais da cidade, Erhardt Hepp. A unidade produz cortes com a marca Sadia e planejava aumentar os abates para 4 mil animais/dia a partir de 2012, acrescentou. Segundo ele, a determinação da venda causou "surpresa", porque no fim de 2010 a empresa havia dito que a unidade seria preservada. "Agora não está claro se o comprador será obrigado a manter o número de integrados", disse.

O temor é semelhante para os 363 empregados da planta de Bom Retiro do Sul, onde a BRF produz 1,9 mil toneladas por mês de embutidos das marcas Perdigão, Confiança e Batavo, afirmou o presidente do sindicato dos trabalhadores na indústria da alimentação da cidade, Pedro Malamnn. "Não temos garantia de que os empregos serão mantidos após os seis meses", disse. O vice-presidente do sindicato de Santa Cruz, Renê da Rosa, também teme pelo futuro dos 400 funcionários da Excelsior, que produz embutidos.

Em Carambeí, serão vendidas as linhas de abate, cortes e de embutidos suínos das marcas Perdigão e Batavo, que absorvem mil dos 4,8 mil empregados da unidade. Os demais trabalham em produtos avícolas e lácteos, que permanecerá com a BRF. "A situação aqui é complexa, porque toda a estrutura de apoio, como refeitório e transportes, é unificada", disse o secretário-geral do sindicato dos trabalhadores na indústria da alimentação da cidade, Wagner Rodrigues.

Em Várzea Grande, a BRF irá colocar à venda a unidade de processados. A operação de bovinos não será afetada. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Várzea Grande, Fernando Sé, a unidade da BRF é a maior geradora de impostos na cidade e uma das maiores empregadoras.

Fonte: Beef Point


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