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26/01/2010
Arroba do boi gordo com indicador próprio no PR


Um indicador de preços promete mais autonomia ao mercado da carne bovina do Paraná, abalado desde 2005, o ano da febre aftosa. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) vem pesquisando diariamente as cotações no estado e acumula dados desde setembro do ano passado. Os técnicos do laboratório Lap Bov, criado para aproximar os setores ligados à bovinocultura, oferecem uma espécie de retrato das tendências do setor. Nesta fase inicial, os preços mostraram recuperação em dezembro.

O indicador faz parte da pesquisa de mestrado da veterinária Aman­­da Massaneira de Souza Schuntzemberger. “Percebi que índices aferidos para São Paulo têm uma metodologia bem mais apurada que as usadas para o Paraná. Então, estruturamos um indicador com base no mercado paranaense, com rigor que oferece números neutros”, relata.

Ela monitora dez microrre-giões. Com uma equipe de quatro estagiários, consulta 45 fontes diariamente. Os informantes relatam o volume comercializado e o preço praticado na véspera. Com os dados de volume, os técnicos ponderam quanta carne foi vendida em cada microrregião e em cada faixa de preço. Levando em conta o peso de cada fonte de informação, formulam uma cotação estadual para a vaca e outra para o boi gordo, que refletem o valor da arroba na fazenda. Os dados estão disponíveis gratuitamente na internet (www.lapbov.com.br).

Amanda argumenta que as empresas e pecuaristas que usam dados de São Paulo tomam como referência um mercado totalmente diferente. “O mercado de São Paulo influencia muito o do Paraná.” Os custos de produção, os impostos, a logística e o próprio destino da carne são distintos. A bovinocultura de escala é mais expressiva no estado vizinho, que investe fortemente em certificações e vende boa parte da carne ao exterior, enquanto o Paraná se dedica basicamente ao mercado interno e na maior parte das fazendas dispensa certificadoras.

O custo da carne de São Paulo inclui gastos ligados às exigências do sistema de inspeção federal, enquanto no Paraná menos da metade dos frigorífico que abatem bovinos aderiram ao SIF, acrescenta. Além disso, a própria disponibilidade de vacas e bois gordos e a concentração de frigoríficos – oferta e procura – são fundamentos diferentes em cada região, acrescenta. “Normalmente, a região que abate mais paga mais.”

Ela afirma que, mesmo dentro do Paraná, a generalização acaba produzindo distorções. “São Paulo é mais uniforme, mas o Paraná tem realidades bem diferentes entre a pecuária do Norte, mais dedicada ao nelore, e a do Sul, com mais influência das outras raças.” Segundo Amanda, a metodologia adotada considera essas diferenças na elaboração do indicador.

A meta do Lap Bov é continuar oferecendo ao mercado um retrato dos preços. O projeto de mestrado de Amanda está na fase de conclusão. Pesquisas relacionadas aos custos de produção, no entanto, devem manter a sondagem de preços diária.

Novos números complementam estatísticas

Os setores ligados à bovinocultura do Paraná tinham até então índices considerados menos universais que os apresentados pela Universidade Federal. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Universidade de São Paulo (USP), concentra suas pesquisas no polo da carne do Noroeste do Paraná para formular seu índice direcionado ao estado. O preço acaba refletindo parcialmente no mercado e exige ponderação no uso para aferições estaduais.

Com informações das empresas associadas, o Sindicato da Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarne) do Paraná calcula um índice próprio. Os números são uma média ponderada das cotações praticadas pelos frigoríficos. Ou seja, retratam a posição dos compradores. São usados para a formulação dos preços ofertados aos pecuaristas.

No caso do índice calculado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná – o mais abrangente, formulado com ajuda de técnicos de 20 núcleos regionais da Secretaria Estadual da Agri­cultura e Abastecimento (Seab) –, a ponderação é feita com base no último Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária consolidado, atualizado de ano em ano.

Atualmente, como o VBP de 2009 ainda não foi fechado, usa-se a planilha referente a 2008. Ela indica quais regiões produziram mais carne e, assim, devem ter mais peso no cálculo de uma mé­­dia estadual. Quando uma região recua na produção, acaba exercendo influência indevida nas cotações por pelo menos um ano.

Os números do Deral são usados em relatórios estatísticos, mesmo por instituições que possuem apurações próprias, como o Sindicarnes. Alimentam também pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Um novo indicador traz um novo parâmetro para o setor. Quando mais informações para análises e comparações, melhor”, afirma o veterinário que atua nas pesquisas do Deral Fábio Mezzadri.

Para o presidente do Sindicarne, Péricles Salazar, cada estatística tem um perfil que define sua utilidade. Ele afirma que a organização usa os próprios cálculos mas não desconsidera índices de outras fontes. “A questão não é confiabilidade, todos os números são bons para mostrar mais um lado do mercado, e para balizar os demais.” Os indicadores da UFPR têm ficado pouco abaixo dos demais.

Em sua avaliação, o setor tende a continuar voltado ao mercado interno, apesar dos sinais de recuperação da demanda internacional. A estruturação e a evolução em questões sanitárias, considera, se tornaram determinantes nas tendências de longo prazo.

Os números da balança comercial de dezembro mostram recuperação na demanda internacional, que abre espaço no mercado interno e favorece a pecuária do Paraná.

As exportações do agronegócio como um todo somaram US$ 4,9 bilhões no mês passado – 4,4% a mais que no mesmo período de 2008. Houve superávit de US$ 3,975 bilhões. E o setor de carnes liderou as vendas externas, com US$ 1,072 bilhão – 22,8% a mais que em dezembro de 2008.

Fonte: Gazeta do Povo


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