O que você achou do nosso site?



31/01/2012
Água e Produção Animal


Instituições internacionais como o Banco Mundial, a FAO e a Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento identificaram há alguns anos uma revolução, denominada “Revolução da Produção Animal”. Suas características são: migração das produções pecuárias dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento; concentração geográfica das unidades produtivas; especialização das propriedades rurais; uso intensivo de recursos, principalmente água e energia; estabelecimento de fazendas industriais (caracterizadas pela alta densidade de animais e pelo elevado nível de automação).

Nesta revolução, o Brasil tem papel principal, pois o país é visto como o grande gerador de proteína animal para o planeta, posição a ser atingida em meados de 2020. Mas isso já é uma realidade, pois já somos um grande exportador de carne bovina, suína e de frango. Alguns já rotulam o país como o “frigorífico do mundo”. Calcula-se que 1/3 da carne consumida no mundo é de origem brasileira.

Há várias justificativas para o sucesso pecuário brasileiro. Ambientalmente, estas compreendem a disponibilidade de recursos hídricos e de solos para o cultivo de grãos e pastagens.

A água é um recurso natural fundamental para a produção animal, devendo estar disponível em quantidade e qualidade. Ela é utilizada na produção dos insumos e dos alimentos, na dessedentação, na higienização das instalações, como veículo para retirada dos resíduos (fezes, urina, restos de alimentos e camas), no abate dos animais e no processamento dos produtos. Portanto, a dependência hídrica da pecuária é elevada. Isso coloca o Brasil em posição confortável, devido a sua disponibilidade perante os outros países de tradição pecuária, mas devemos lembrar que uma posição de conforto no presente não é garantia de conforto no futuro. Para mantermos esse diferencial hídrico, precisamos preservar e conservar nossas águas; precisamos ter segurança hídrica. Nunca devemos esquecer que a água é um recurso natural finito, portanto, é dever de todos que atuam na produção pecuária assegurarem a oferta de água de forma sustentável.

Não há dúvida de que os atores produtivos sabem da importância da água para a produção animal, e têm consciência de que a riqueza hídrica nacional é estratégica para a manutenção do país como um grande produtor de carnes, ovos, leite, etc. Mas esses atores e a sociedade conhecem os potenciais impactos que estas produções podem provocar à quantidade e à qualidade da água? Para a pecuária, quais seriam as políticas de desenvolvimento e ações para conservar a água em quantidade e qualidade? A produção animal no Brasil é hidricamente sustentável? As respostas a essas perguntas ainda não estão claras para todos. Sem conhecê-las, não há como manejar e gestionar. Precisamos de informação e precisamos transformá-la em conhecimento para termos a almejada segurança hídrica.

Iniciativas pontuais existem, demonstrando que é possível produzir proteína animal e conservar os recursos hídricos. Essas devem ser tomadas como exemplo por todos e serem transformadas em boas práticas hídricas, bem como em políticas setoriais e públicas de desenvolvimento.

A produção animal brasileira não é hidricamente sustentável, mas pode ser! Para que isso aconteça, devem ocorrer mudanças de pensamento em todo o sistema de produção pecuário, desde produtores até consumidores. Também é fundamental que as agroindústrias assumam a sua co-responsabilidade na mitigação dos passivos ambientais originados na geração das matérias-primas e que os governos estabeleçam políticas de desenvolvimento, através de zoneamentos produtivos e estruturação e fortalecimento dos órgãos fiscalizadores. O mecanismo de pagamento por serviços ambientais certamente poderá contribuir para a melhoria do manejo hídrico na pecuária.

Como a própria Política Nacional de Recursos Hídricos estabelece, a gestão do recurso deve ser responsabilidade de todos e realizada de forma participativa. O Brasil possui diversos conflitos ambientais e hídricos – a relação produção animal/água já é um deles. Para que não se agrave, devemos intervir agora.

A omissão do passado já mostrou suas consequências, por enquanto ambientais. A omissão no presente certamente trará consequências ambientais ainda maiores, mas também econômicas e sociais. A chamada “Revolução da Produção Animal” já nos deu uma lição: as produções se movem, os passivos ambientais ficam. Aritgo de Julio Palhares, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste.

FONTE: BeefPoint


 Voltar  Enviar para um amigo  Imprimir

 30/05/2019 - Novo Site CIA/UFPR
 13/05/2019 - Acordo pode fortalecer EUA no mercado de carne bovina do Japão
 13/05/2019 - Queda no preço do milho deve elevar confinamento em até 7%
 13/05/2019 - Exportações de boi em pé ajudam a sustentar preços de reposição
 13/05/2019 - Previsão do tempo para esta Terça-feira (14/05/2019)

 
 

Nome
E-mail