JBS nega concentração de frigoríficos
Após quase cinco horas de discussões, a audiência pública realizada na Câmara dos Deputados para avaliar a concentração no segmento de frigoríficos de carne bovina no país terminou à espera dos resultados das investigações que estão sendo conduzidas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em um universo de 200 casos, o conselho analisa oito operações de fusões e aquisições. Alexandre Henriksen, representante do Cade presente ontem na audiência pública, disse que, nos últimos cinco anos, dez operações foram notificadas e aprovadas pelo conselho. Segundo ele, os pedidos de recuperação judicial que se seguiram à crise financeira internacional de 2008 influenciaram o aumento das fusões e aquisições no ramo. A primeira reunião realizada após o lançamento do "novo Cade", em julho, aprovou três Acordos de Preservação de Reversibilidade de Operação (APROS) envolvendo compras de frigoríficos. O Apros serve para manter uma distinção de como eram as empresas antes da operação, caso a aquisição seja vetada. A JBS está envolvida nas três. Uma em Rio Branco (AC), outra em Ariquemes (RO) e a terceira em São Miguel do Guaporé (RO) e Confresa (MT). Paralelamente, o Cade está realizando um estudo setorial com coleta de informações e mapeamento de cadeias produtivas para ter uma visão ampla do segmento. Na reunião de ontem, foram levantados diversos motivos para justificar o baixo retorno financeiro de todos os elos da cadeia produtiva. Foi exaltada a necessidade de ampliação do marketing da carne bovina e foram pedidos mais transparência na relação pecuarista/frigorífico/varejo, combate firme ao abate clandestino e isenção de PIS/COFINS para toda a cadeia. Para ajudar a "proteger" o produtor, a Confederação da Agricultura e Pecuária Nacional (CNA) está estudando uma metodologia que permita a criação de um seguro para o pecuarista, disse o presidente da Comissão Nacional de Pecuária da Corte da CNA, Antenor Nogueira. "Está sendo estudado pela CNA um seguro para trazer segurança ao produtor rural sem onerá-lo. A ideia é um mecanismo de defesa contra calotes de frigoríficos". Sobre a suposta formação de cartel entre os frigoríficos, que negam a acusação, Nogueira disse que já foi comprovado que a prática existiu no passado e espera que ela não aconteça novamente. "Afinal, todos querem lucro, mas o produtor também quer renda", disse. Além disso, Nogueira informou que será criado o Conselho de Preços do Boi (Consebov), para contribuir para um melhor relacionamento entre os elos da cadeia. Durante o encontro, que reuniu representantes dos frigoríficos, produtores rurais, supermercados e parlamentares, ficou decidido que será criado um Conselho em busca de uma solução para o impacto da concentração do setor sobre os preços pagos aos criadores. – Sem dúvida nenhuma o diálogo é a única forma de você chegar a um consenso em qualquer coisa – disse o presidente do Grupo JBS, Wesley Batista. Segundo ele, a criação de um conselho é um grande passo e vai identificar um índice de preço. JBS nega concentração no setor O presidente do Grupo JBS disse nesta terça, durante a audiência, que existe um processo de consolidação no setor, mas que está longe de ser um monopólio. – Quando olhamos do lado da JBS não achamos mercado concentrado – disse o executivo. Em sua explanação, Batista citou dados sobre o setor frigorífico no Brasil, apontando que existem 1,5 mil abatedouros, enquanto o JBS tem apenas 45 plantas. Segundo ele, no ano passado o JBS abateu menos de 6 milhões de cabeças de bovinos, ante mais de 40 milhões de cabeças abatidas em todo País. O presidente do grupo descartou restrições à concorrência e afirmou que existem mais de 100 frigoríficos fechados no Brasil, que podem ser abertos em apenas uma semana, "sem necessidade de dinheiro, apenas comprando boi a prazo e vendendo carne à vista". Com informações do Valor, portal Estadão e Canal Rural. FONTE: Pecuária.com
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