Nossa capacidade de aumentar o desempenho e a eficiência na produção de carne bovina resultam em benefícios ambientais, bem como econômicos. Essa foi a mensagem da cientista animal, Jude Capper, Ph.D., que trabalha como consultor independente de sustentabilidade. Capper apresentou os resultados de sua pesquisa durante a recepção pelo Centro de Recursos Sustentáveis de Carne Bovina na Conferência de Verão da Indústria Pecuária ocorrida no final de julho.

O estudo de Capper usou um modelo baseado em duas populações teóricas incluindo todas as classes de bovinos de corte, com cada população visando o mesmo nível de produção de carne bovina. Uma das populações seria criada em sistemas convencionais de produção, permitindo quatro tecnologias de aumento do desempenho: implantes, ionóforos, acetato de melengestrol (MGA) em novilhas e beta-agonistas no final do período de terminação. O modelo baseou seus dados em taxas de adoção de 2009 para os produtos, usados de acordo com as instruções dos rótulos. O modelo para outras populações excluiu o uso dessas tecnologias de aumento do desempenho.

As análises do ciclo de vida de Capper para cada população incluíram todos os insumos – terra, alimentos dos animais, fertilizantes, irrigação, água para consumo, eletricidade, combustíveis e outros – usados na produção de carne bovina até o abate. Os pesquisadores analisaram os impactos ambientais e econômicos nos Estados Unidos e também forneceram dados a um modelo do Centro para Desenvolvimento Agrícola e Rural (CARD) da Universidade do Estado de Iowa. O modelo CARD inclui um componente de gases de efeito estufa e avalia os impactos globais das mudanças na produção.

A redução da eficiência produtiva devido ao não uso de tecnologias para melhoria de desempenho levariam a impactos supreendentes, de acordo com a análise de Capper. Para produzir a mesma quantidade de carne bovina nos Estados Unidos atualmente, sem a aplicação de tecnologias seria necessário:

- Adicionar 10 milhões de cabeças de gado ao rebanho dos Estados Unidos, duas vezes o número atual de Iowa e Kansas combinados.

- Aumentar as taxas anuais de abates em 2.859.000 cabeças ou 10.000 cabeças por dia de semana, cerca da capacidade de quatro grandes frigoríficos adicionais.

- 17 milhões de acres (6,9 milhões de hectares) adicionais de terra e 81 milhões de toneladas de alimentos para animais.

- 138 bilhões de galões (522 bilhões de litros) de agua a mais por ano, o suficiente para fornecer agua anual necessária para 1,36 milhão de casas.

- Mais de 8 bilhões de megajoules adicionais de uso de energia e 18,6 milhões de toneladas a mais de emissões de gases de efeito estufa, o equivalente a colocar 3 milhões a mais de carros nas ruas.

- O impacto econômico adicionaria até 8,2% de tarifas aos produtores de carne bovina dos Estados Unidos.

Baseado no modelo do CARD, os pesquisadores estimaram que a descontinuação do uso de quatro tecnologias de produção reduziria a produção de carne bovina nos Estados Unidos em 17% nos próximos 15 anos, resultando em um aumento de 352% nas importações de carne bovina. Outros países aproveitariam a menor produção de carne bovina dos Estados Unidos, em alguns casos, usando práticas menos eficientes e com maiores impactos ambientais. As exportações de carne bovina do Canadá aumentariam 36%, as do Brasil 25%, as da Argentina 11% e as da Austrália 5%.

A maior produção no Brasil resultaria em desmatamento de uma área estimada de 17 milhões de acres de floresta tropical, e as emissões de gases de efeito estufa devido à mudança no uso da terra somente no Brasil excederia 2 bilhões de toneladas. O aumento global nas emissões de gases de efeito estufa devido à mudança no uso da terra excederia 3 bilhões de toneladas.

O trabalho de Capper, chamado “O impacto ambiental e econômico da remoção de tecnologias de estimulam o crescimento da produção de carne bovina dos Estados Unidos” deverá ser publicado no Journal of Animal Science.

FONTE: BeefPoint