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17/08/2012
Projeto pode desviar cargas de Paranaguá


Dos 29 mil quilômetros de malha ferroviária no Brasil, 23 mil são de bitolas métricas e cerca de 3 mil, apenas, de bitolas largas. De acordo com especialistas, a escolha pelas bitolas largas para os novos projetos não foi acertada. Para maior interação entre as malhas existentes com o plano de expansão, o ideal seria a instalação de bitolas métricas, com recuo para que, eventualmente, fossem instaladas bitolas mistas.

Para o coordenador de projetos do Instituto Tecnológico de Transporte e Infraestrutura (ITTI), Eduardo Ratton, os governos paranaenses não conseguiram modernizar as ferrovias a ponto de torná-las viáveis. Segundo ele, o trecho que liga Maracaju (MS) a Mafra (SC) vai passar por uma importante região produtiva do Mato Grosso do Sul e do Paraná, mas o desvio para a cidade catarinense deve custar caro ao Porto de Paranaguá.

O escoamento da produção paranaense e do Centro-Oeste brasileiro, feito por Maracaju (MS), passando por Cascavel até Mafra (SC), seguiria para o Porto de Rio Grande ou para Santos. A estrutura de trilhos de bitola larga favorece esse trajeto. Isso porque o trecho de Mafra a Paranaguá usa trilhos de bitolas métricas. Sem um plano de modernização de trechos importantes para o Paraná, como um novo ramal entre Guarapuava e o Litoral do estado, os principais gargalos no setor devem permanecer os mesmos.

“A opção do governo pela construção de trechos que levam ao porto de Rio Grande reflete a sucessiva incompetência dos governos estaduais em gerenciar e modernizar o porto paranaense”, afirma Ratton, do ITTI. “Enquanto Paranaguá possui um único terminal de contêineres, que define o valor das tarifas cobradas, os portos de Santa Catarina, embora menores, têm conseguido atrair cargas importantes com tarifas diferenciadas e maior eficiência”, acrescenta. Ratton ressalta ainda as filas de caminhões que se formam a cada escoamento de safra na BR-277, única rodovia de acesso ao Porto de Paranaguá. “O corredor de exportação de Paranaguá é muito lento. A prova disso são as dezenas de navios esperando dias para poder atracar com prejuízos que encarecem o custo”.

Governo do estado foi pego de surpresa, diz secretário

O secretário de Infraes­trutura e Logística do Paraná, José Richa Filho, afirma que o governo do estado foi pego de surpresa com os anúncios do pacote de projetos logísticos do governo federal. No anúncio, dois trechos da expansão ferroviária passam pelo Paraná. De acordo com o secretário, o estado foi usado como corredor de passagem entre São Paulo e Rio Grande do Sul. “A impressão é que, se fosse possível, eles passariam as linhas por um duto pelo mar ou pelo Paraguai. Não fomos só esquecidos, fomos prejudicados”, afirma Richa Filho.

O secretário evitou culpar a falta de articulação po­lítica dos ministros e da bancada paranaense sobre a presidência, mas disse que achou estranho que as reivindicações do governo do estado não tenham sido contempladas. Ele afirma que o corpo técnico do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes locado no estado apresentou uma série de projetos ao Ministério dos Transportes nos últimos dois anos. “O que achamos mais estranho é que o ministro todas as vezes nos ouviu e nos elogiou, mas efetivamente não resultou em nada”, explica.

Richa afirma que o governo já articula com representantes do setor produtivo local e com a bancada na Câmara e Senado para que as demandas estaduais sejam ouvidas. Sem data marcada, o governador Beto Richa já teria solicitado à presidente Dilma Rousseff uma audiência com representantes paranaenses. Ao todo, são quatro trechos de rodovias e dois de ferrovias que foram esquecidos pelo plano nacional de expansão. “Uma das nossas demandas é o trecho anunciado entre Maracaju (MS) e Cascavel, que não foi detalhado, mas ao que tudo indica, não será no percurso ideal”, lamenta. Cascavel e Guarapuava já contam com interligação ferroviária operada pela estatal Ferroeste, pertencente ao governo do estado. Até agora não há men­ção à integração entre a Ferroeste e os trechos anunciados. Será difícil, já que a Ferroeste também foi construída com trilhos de bitola métrica.

Sem qualquer planejamento de novas ligações com o litoral paranaense, Richa Filho teme que o porto de Paranaguá seja deixado de lado no segundo pacote que o governo federal vai anunciar, no fim do mês, que contemplará portos e aeroportos. “O produtor do Oeste do estado vai acabar escoando sua produção pelo Rio Grande do Sul, em vez de usar o porto do próprio estado”, completa.

FONTE: Gazeta do Povo


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