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06/11/2012
EUA: baixa oferta de reposição, alta capacidade estática e preço dos grãos prejudicam setor de confinamento



O último relatório sobre confinamento mostra os desafios para a atividade nos próximos meses. Além dos preços recordes pela ração animal  (grãos) e por animais de reposição, a oferta de gado para engorda será insufuciente para manter o rebanho nos confinamentos. São vários os fatores que contribuem para as más previsões de confinamento para o futuro.

No futuro, uma das maiores preocupações é a demanda por carne bovina. Se a demanda estiver forte o suficiente, a pressão sobre a margem dos confinamentos (e frigoríficos) poderia ser eliminada. Porém, nos próximos dois anos a demanda por carne bovina será incerta, dificultando sua estimativa. Provavelmente continuará limitando os preços de venda no varejo e no atacado com relação ao preço dos insumos que continuarão exercendo pressão sobre os confinamentos, bem como sobre os frigoríficos.

A seca é outro fator negativo para os confinamentos. Dois anos de abate acima da média causaram redução na oferta de gado. Além disso, sem a seca de 2012, os preços do milho poderiam estar próximos a US$ 5/bushel ao invés de US$ 8/bushel. Embora esses fatores de curto prazo possam ter mudado o cenário de confinamentos, eles não mudam o cenário para o setor de confinamento que está mudando e precisa se adaptar a novas condições. Desde a safra de 2006, o preço médio do milho ficaram em US$ 4,50/bushel. De 1965 a 2005, os preços médios do milho foram de US$ 2,15/bushel. Nesse período, somente em três anos (1980, 1983 e 1996) o preço médio do milho excedeu US$ 3/bushel, porém excederam US$ 3/bushel em todos os anos desde 2006. É provável que o milho no futuro fiquem em média pelo menos duas vezes maior  do que o nível que a indústria de confinamento conhece historicamente. O ponto é que, mesmo sem a seca, os confinamentos enfrentam um ambiente de negócios diferente e com implicações estruturais no setor.

Quarenta anos de milho barato tiveram impactos na indústria de carne bovina, e no confinamento principalmente. As mudanças na genética e nas preferências pelo tamanho e tipo de animal foram em grande parte em função da demanda direcionada pelo confinamento, que, por sua vez, baseou-se no milho barato. A indústria se tornou uma terminadora de bezerros, onde cada incremento de ganho de peso  era baseado em grãos.

À medida que o número de animais alcançou o pico nos anos setenta e começou a cair, os confinamentos mantiveram o rebanho com animais mais leves e jovens por períodos mais longos de tempo. Na década de setenta, o rebanho médio confinado era de 13 milhões de cabeças, com um rebanho médio total de 120,4 milhões de animais e uma oferta estimada média de animais de reposição de 42,1 milhões. O rebanho de confinamento representava pouco menos de 11% do número total e 31% da oferta de gado para engorda. Esse último dado significa que havia pouco mais de três animais de reposição para cada animal já em engorda no começo do ano. Essas proporções persistiram nos anos oitenta e começaram a mudar no final da década. As mudanças aumentaram nos anos noventa, com o rebanho confinado representando quase 13% do rebanho total e mais de 40% da oferta de animais para engorda. Assim, nos anos noventa havia  pouco menos de 2,5 animais para engorda disponíveis para cada animal confinado.

Nos últimos 10 anos, a situação alcançou um nível extremo. Embora o estoque total de gado tenham caído para uma média de 94,6 milhões (2003-2012) e a oferta de reposição tenha caído para uma média de 27,4 milhões de cabeças, o rebanho médio confinado aumentou para 14 milhões de cabeças. O rebanho confinado representava quase 15% do total e 51,4% da oferta de gado para engorda na última década. O volume recorde de animais confinados foi de 14,8 milhões de cabeças em 2008, 14% a mais que na década de setenta, apesar de que o rebanho total de bovinos caiu 20%.

Pequena redução no rebanho confinado desde 2008 foi mais que compensada pela redução no rebanho bovino e na oferta de animais para engorda. Em 2012, o rebanho total confinado era de 14,1 milhões de cabeças, representando recorde de 15,6% do rebanho total e 54,9% da oferta de gado para engorda. Isto significa que existe atualmente 1,8 animal de reposição disponível para cada animal confinado. Desta forma, a única maneira para esse nível de oferta de reposição manter o rebanho confinado, é com uma taxa lenta de vendas, associada ao  fato de engordar animais cada vez mais leves e jovens por maiores períodos de tempo. Entretanto, os preços do milho que ficaram duas vezes maiores do que o nível histórico e atualmente estão 3,5 vezes maior, tornaram isso economicamente inviável. O alto preço do milho é um forte incentivo para engorda de novilhos ao invés de bezerros.

Eventualmente, a reconstrução do rebanho permitirá que os confinamentos respondam de forma apropriada aos altos preços do milho, terminando animais mais pesados e reduzindo os dias de engorda. A partir daí é que a indústria de carne bovina será capaz de se adaptar ao alto preço dos grãos. Infelizmente, poderá demorar até 2015, 2016 (ou até mais) antes de qualquer aumento significante na oferta de animais de reposição ocorrer. O sistema produtivo utilizado no setor de confinamento durante o declínio do rebanho desde os anos oitenta até 2006, não é mais viável.

Os confinamentos estão enfrentando desafios de terminar animais inviáveis de forma econômica, e não ter animais suficientes para repor, ou mais provavelmente ambos. O excesso da capacidade dos confinamentos aumentará a necessidade por animais de reposição nos próximos anos. O recente fechamento de um confinamento no Kansas certamente não é a última notícia deste tipo nos próximos meses.

O artigo é de Derrell S. Peel, especialista em comercialização pecuária da Universidade do Estado de Oklahoma, publicado no site Cattletradercenter.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Fonte: BeefPoint


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