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12/12/2012
Mesmo sem dano sanitário, vaca louca pode afetar preço da carne



A identificação do agente causador do mal da vaca louca em uma vaca morta no Paraná em 2010 é considerada uma ocorrência sem grandes impactos sanitários, mas não deve impedir que os importadores pressionem os brasileiros por preços mais baixos pela carne nacional. Mesmo após a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) ter reafirmado que o Brasil continua com o status de “risco insignificante” para a vaca louca, os exportadores já se preparam para a pressão.

No fim de semana, o Japão suspendeu provisoriamente as importações de produtos de carne do Brasil, apenas por alguns dias, até que seus técnicos possam avaliar a documentação do caso. “O impacto não será significativo porque o Japão compra um volume muito pequeno de carne bovina brasileira, mas a ocorrência preocupa como imagem para o País”, avalia João Sampaio, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag-Fiesp) e vice-presidente de Relações Institucionais do frigorífico Marfrig.

O Ministério da Agricultura afirmou já estar articulado para responder rapidamente aos questionamentos internacionais e para esclarecer os importadores sobre a ocorrência. Sampaio e o consultor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, ressaltam justamente a importância dessas ações para minimizar os danos ao comércio e à imagem do País. “É fundamental que as autoridades mantenham esta postura ativa neste momento de crise, a fim de esclarecer que não se tratou de um caso de vaca louca clássica, que foi um fato isolado que está longe de ser algo generalizado”, explica o consultor.

Na sexta-feira (7), o ministério divulgou a identificação do agente causador da vaca louca em uma vaca que não expressou a doença e morreu de outras causas em 2010, no Paraná. Segundo o ministério, o País não tem o mal da vaca louca. Um caso semelhante ocorreu nos Estados Unidos recentemente, sem grandes prejuízos ou disseminação da doença, recorda Mendonça de Barros.

Por todos esses fatores, Sampaio afasta a possibilidade de outros países suspenderem a importação de carne brasileira. Mas o consultor da MB Agro alerta que episódios assim são muito fáceis de serem usados para interesses comerciais de importadores. “Muitos parceiros comerciais fazem uso deste tipo de tática para derrubar preços”, afirma Mendonça de Barros.

Por outro lado, a vantagem do Brasil é que o mercado internacional de carne bovina está bem ajustado e não é fácil conseguir o produto de outras origens. “Não me parece que existam muitos lugares no mundo que possam fornecer carne de qualidade e a preços abaixo do praticado pelos norte-americanos ou australianos”, avalia Mendonça de Barros. Nesse cenário, os compradores tendem a ceder mais na negociação.

Além de interferir nas negociações comerciais, a ocorrência sanitária também deve atrapalhar as tratativas que o Brasil vinha mantendo para a abertura de mercados para a carne bovina, avalia o diretor de sanidade animal do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Guedes. “O caso é um complicador para a abertura da Rússia e as conversas para abrir Japão e Coreia do Sul certamente vão estacionar”, acredita ele. O Japão só importa carne processada, e não in natura.

Guedes é mais pessimista que Mendonça de Barros e Sampaio, mesmo acreditando que não haverá grandes perdas de mercado para o Brasil. Para ele, há grande risco de Rússia e Egito se fecharem, pelo menos parcialmente.

Apesar de elogiarem a forma como o Ministério da Agricultura está tratando a ocorrência sanitária, os especialistas são unânimes em criticar a demora do sistema brasileiro para diagnosticar a presença do agente da vaca louca. “A ocorrência em si não é grave, mas a demora em diagnosticar e divulgar o resultado é que afeta a credibilidade do nosso sistema sanitário”, afirma Guedes, do CNPC.

Para Guedes, a Secretaria de Defesa Sanitária deve repensar o sistema de diagnóstico para agilizar análises como a desse caso. “Na nossa avaliação, embora o Ministério da Agricultura tenha atuado corretamente, com competência, ele demorou a agir”, concorda Sampaio, do Cosag e do Marfrig.

A vaca portadora do agente da doença não manifestou o mal da vaca louca e morreu por outras causas em 2010. Recentemente, nos Estados Unidos, uma ocorrência semelhante mostrou ter origem em uma mutação ocasional, e não em uma contaminação externa.

Fonte: Sou Agro


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