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29/01/2013
O que o Brasil pode esperar do agro em 2013


O agro deve contribuir ainda mais com a economia brasileira em 2013, mesmo depois de um ano excepcional em 2012. O superávit do setor foi de US$ 79,4 bilhões, mais de quatro vezes acima do que o saldo comercial total do País. O Produto Interno Bruto (PIB) do agro ainda não foi fechado, mas no terceiro trimestre de 2012 (dado mais recente disponível) o PIB da agropecuária teve o maior crescimento desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começou a calculá-lo, em 1995.
 
A quebra da safra americana de soja e milho ajudou e fez disparar os preços internacionais dos grãos, despejando mais recursos nas economias regionais Brasil adentro. Colheu-se uma safra recorde de milho, que resultou em exportações igualmente recordes do grão.
 
Agora, em 2013, o Brasil deve colher a maior safra de soja do mundo, por conta da queda da produção dos Estados Unidos, e deve ampliar ainda mais o resultado da balança comercial. “A tendência é de um ano bom para os produtores, com geração de excedentes exportáveis crescentes, principalmente em grãos e açúcar, e a garantia absoluta de abastecimento interno”, avalia o coordenador de Agronegócios da FGV e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
 
O clima tem favorecido a produção de grãos em todo o País, diferentemente do que ocorreu no ano passado, com secas que prejudicaram a produção no Sul e no Nordeste. “Os preços de soja e milho estão acima da média histórica e o Brasil vai produzir muito, o que empurra para cima outros cereais, como trigo e arroz”, diz Rodrigues. A safra total de grãos deve ficar em 183,5 milhões de toneladas, recorde histórico e 9,7% acima da colheita de 2012, segundo a consultoria Agroconsult.
 
O resultado será o ano de maior rentabilidade para os produtores de grãos na história, segundo os cálculos da Agroconsult. A consultoria inicia no fim de janeiro o Rally da Safra, uma expedição que avalia as condições das lavouras e estima a produção nacional de soja e milho. Mas antes mesmo de ir a campo, a projeção é de recorde na safra de soja, principal produto agropecuário exportado pelo Brasil.
 
Com produção e rentabilidade recordes, bilhões de reais serão despejados nas economias das regiões produtoras. A Agroconsult estima que cada hectare de soja no Mato Grosso dará um lucro bruto ao produtor de R$ 1.346, superando o recorde de R$ 1.124 registrado no ciclo passado. “Como mais de 70% da soja do Mato Grosso já está comercializada antes mesmo da colheita, a rentabilidade está garantida mesmo se os preços caírem agora”, diz o sócio diretor da Agronconsult, André Pessoa. No Paraná, a margem bruta deverá ser de R$ 1.457.
 
Será a sétima safra consecutiva com margens no azul nos dois principais Estados agrícolas do País, na média. Os números não levam em conta o custo da terra (arrendamento) e a depreciação dos bens das fazendas.
 
São Paulo em xeque
Até mesmo a cana-de-açúcar, um produto que tem enfrentado dificuldades por conta da baixa produtividade e da estagnação dos preços do etanol, deve começar a se recuperar neste ano. O governo já anunciou que vai elevar os preços da gasolina, congelados há quase uma década, e elevar o percentual de etanol na gasolina de 20% para 25%. “Com o reajuste da gasolina, boa parte do setor volta ao azul”, avalia Rodrigues.
 
A cana e a laranja, culturas tradicionais no interior paulista, são as que enfrentam maiores desafios. “Os municípios citrícolas e canavieiros estão sofrendo os impactos. Já temos 40 usinas paradas, sem funcionar, e nos municípios onde isso ocorre fecha também farmácia, escola, tudo”, diz Rodrigues.
 
No caso da laranja, a crise é instalada pela queda no consumo mundial do suco, ocasionado pela crise financeira e pelo crescimento de bebidas concorrentes, como energéticos e chás gelados. No cenário interno, há uma oferta excedente muito grande da fruta. “A solução para a laranja passa pelo Consecitrus”, defende o ex-ministro. Em análise no Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade), o Consecitrus será um conselho de produtores e indústrias de laranja para balizar os preços da fruta, assim como ocorre no setor de açúcar e etanol com o Consecana.
 
Outro produto que deve ter dificuldade para gerar renda é o algodão. Mesmo com a queda significativa de 29% na área plantada, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os preços podem continuar caindo, na avaliação do banco holandês Rabobank. Segundo as perspectivas para o primeiro trimestre, divulgadas pela equipe de análise do banco no Brasil nesta quinta-feira (24), o ano deverá ser marcado pelos níveis elevados de estoques. “Assim, o desenvolvimento macroeconômico mundial será importante para a evolução dos preços”, avalia o Rabobank.
 
Já os produtores de café, concentrados em São Paulo e, principalmente, Minas Gerais, não devem ter sustos ao longo do ano. Apesar de uma safra bem maior do que a média histórica para anos ímpares (quando a produção sempre foi mais baixa), o Rabobank espera altas leves para o preço do grão do tipo arábica.
 
Carnes
Já o setor de carnes, principalmente de aves e suínos, entra em 2013 mais otimista, depois de sofrer com a alta no preço dos grãos. Em 2012, algumas empresas chegaram a fechar as portas ou a ser vendidas, diante da incapacidade financeira de arcar com o aumento dos custos com o milho e o farelo de soja usados na ração.
 
Apesar de os preços dos grãos continuarem altos, Rodrigues avalia que as indústrias ajustaram a produção e, por isso, ele espera “um sofrimento menor do que em 2012”. Além disso, os rearranjos com aquisições e arrendamentos de frigoríficos médios e pequenos por grupos maiores dá mais força financeira ao setor, na avaliação do presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. “Não há perspectiva de queda do preço dos grãos, mas as empresas estão mais bem preparadas”, afirma. A expectativa do setor é crescer 3% no ano.
 
A expectativa da Ubabef está baseada, principalmente, no aumento das vendas ao exterior. Na carne bovina, as exportações também devem sustentar os preços ao longo do ano, apesar da esperada queda na arroba do boi gordo no primeiro trimestre, segundo o Rabobank. A arroba cai com o aumento da oferta de animais e a queda da demanda interna no primeiro trimestre, mas os analistas esperam um forte ritmo de exportações e a redução do diferencial de preços da carne bovina para a de frango e de porco, dois fatores que pressionarão os valores para cima.

Fonte: Valor Econômico

 


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