Novas vacinas contra carrapato devem chegar ao mercado em 3 anos
Na pecuária a praga reduz a produção de leite e de carne, provoca danos ao couro dos animais e pode levar à morte. Estima-se que os prejuízos anuais cheguem a US$ 2 bilhões no Brasil e de até US$ 18 bilhões no mundo. Desde 1997 um grupo coordenado pelo pesquisador Renato Andreotti, trabalha na elaboração de antígenos para a produção de vacinas mais eficientes e acessíveis que os produtos disponíveis atualmente. Dois antígenos prontos já passaram pelos primeiros testes e podem ser transformados em vacinas. Os antígenos BmCG-86 e BmTI obtiveram, em pesquisa, uma eficiência de controle da ordem de 50%. Quando aplicados em conjunto, em uma mesma vacina, o grau de eficiência sobre para 60%. "Caso sejam ministrados em associação com um controle químico contra o carrapato, a eficácia pode chegar a 100%, além de aplacar a pressão de resistência aos produtos que estão no mercado", explica Andreotti. O BmCG-86 é uma versão regional das vacinas cubana (Gavac) e australiana (Tickgard), esta foi a primeira a chegar ao mercado brasileiro, mas agora está fora de circulação. Já a vacina cubana continua disponível, mas o preço da dose, R$ 5,00, inviabiliza a demanda. O antígeno provoca problemas fisiológicos no carrapato e dificulta a sobrevivência do parasita. “A proteína provoca lesões graduais no intestino do carrapato, afetando a produção de ovos e, consequentemente, a eficiência da reprodução”, explica Andreotti. Já o antígeno BmTI atua impedindo que o carrapato possa se fixar no couro do boi e, portanto, faz com que o parasita não consiga sobreviver por muito tempo. "Esses dois antígenos podem participar de uma mesma vacina, com um potencializando o efeito do outro", diz o pesquisador. Sobre o índice de eficiência entre 50% (cada antígeno, individualmente) e 60% (aplicação conjugada), Andreotti observa: "É importante lembrar que temos como estratégia o controle, e não a erradicação do carrapato." O fato de os dois antígenos estarem em fase de licenciamento para a produção comercial não significará interrupção dos estudos. "Temos como meta uma vacina que possa trabalhar com grau de eficácia acima de 95%, utilizando um mix de vários antígenos com diferentes estratégias de ação", explica. De acordo com o chefe-geral Cleber Oliveira Soares, da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS, a proteína BmTI poderá chegar ao mercado como vacina em dois a três anos, dependendo da agilidade da empresa que se responsabilizar pela sua produção comercial. Já em relação à proteína BmCG-86, Soares avisa que o caminho até que ela se transforme em vacina passa pela assinatura de um contrato de cooperação técnica com a iniciativa privada. "Para ser multiplicado, este antígeno está tecnologicamente aquém da proteína BmTI e necessita transpor mais algumas etapas para ficar disponível comercialmente", explica Soares, que espera que o pecuarista possa adquirir vacina com este antígeno em até cinco anos. FONTE: BeefWorld
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