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06/02/2013
Irlanda: caso da carne de cavalo pode prejudicar o quarto maior exportador de carne bovina


Na semana passada, o Burger King, a Tesco, a Asda e a Co-operative abandonaram, todas, a Silvercrest como fornecedora de hambúrgueres. Os contratos valiam mais de € 50 milhões para a Silvercrest, que opera uma fábrica na Irlanda.

A companhia é agora alvo de ações judiciais de varejistas, que tiveram de retirar dezenas de milhões de hambúrgueres das prateleiras, quebrando contratos com seus clientes.

No Reino Unido, em audiência numa comissão parlamentar na semana passada, a Tesco acusou a Silvercrest de uma “grande quebra de confiança” devido à utilização de um produto para recheio de carne de origem polonesa não aprovada. O Burger King diz estar “profundamente preocupado” com a contaminação por carne de cavalo e passou a comprar de fornecedores na Alemanha e na Dinamarca.

Ciara Jackson, analista de alimentos da consultoria Grant Thornton, com sede em Dublin, disse que a Foods ABP conseguiu evitar danos colaterais, mas perguntas inevitavelmente serão feitas sobre se falhas em uma processadora podem ter ocorrido em outras unidades produtoras.

Goodman tem condições de absorver o prejuízo da Silvercrest, que representa 4% da receita de € 2,5 bilhões da ABP Foods. Mas os danos à reputação de seu império como um todo são um problema. Ele é uma figura controvertida na Irlanda, onde envolveu-se em investigação judicial instalada pelo governo e centrada em sonegação fiscal e negligência no setor de carne bovina no início dos anos 1990.

Goodman foi um grande exportador de carne bovina para o Iraque durante o reinado de Saddam Hussein. Sua empresa entrou em colapso em 1990, devido a dívidas relacionadas com seus negócios com carne no Iraque, após a invasão do Kuwait. A partir de então, ele reconstruiu sua empresa.

A ABP Foods pediu desculpas aos seus clientes pela contaminação por carne de cavalo e substituiu a administração responsável pela operação em Silvercrest. Sua fábrica em Monaghan, na Irlanda, foi fechada, e é improvável que seja reaberta. Mas ainda restam dúvidas sobre a origem das falhas de contaminação e de gestão.

As autoridades de segurança alimentar irlandesas, que descobriram a contaminação quando da adoção de um novo teste de DNA, em novembro, informam ter já identificado a origem em um fornecedor polonês. Mas as autoridades polonesas disseram não ter encontrado nenhuma evidência de contaminação em sua processadoras. “Essas acusações não fundamentadas por qualquer prova substancial são inaceitáveis, independentemente de a quem se refiram”, disse Stanislaw Kalemba, ministro da Agricultura da Polônia, ao jornal “The Irish Times”.

A incerteza sobre a fonte de contaminação poderá prejudicar as exportações do agronegócio irlandês, que movimenta 9 bilhões de euros. Patrick Wall, professor de saúde pública na University College Dublin, diz que o escândalo é “um espetacular ‘gol contra’ do setor privado irlandês”, bem como da empresa. “Isso mostra que as marcas e a reputação de uma empresa são tão seguros quanto os padrões praticados por seu fornecedor mais fraco”, diz ele.

Na Irlanda há mais gado do que gente. Com um rebanho de 6,75 milhões de cabeças, o país é o quarto maior exportador de carne bovina no mundo, com vendas anuais de 1,8 bilhão de euros. O país tem planos para começar a exportar para a China, Japão e EUA quando as cotas de laticínios da UE forem abolidas, em 2015 – uma decisão que facilitará a ampliação do rebanho nacional.

Organizações agrícolas estão defendendo uma regulamentação mais rigorosa sobre as processadoras e maior rastreabilidade de produtos importados.

A Bord Bia, agência fiscalizadora irlandesa diz que até agora o dano foi “razoavelmente contido”. “A percepção é muito baixa fora do Reino Unido e da Irlanda, e os consumidores associam esse problema apenas a produtos de carne barata”, diz Aidan Cotter, executivo da Bord Bia. “Isso não é visto como sendo um problema irlandês”. Mas, à medida que a polêmica repercute, Goodman e o setor alimentício irlandês permanecerão em alerta máximo.

FONTE: BeefPoint.


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