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26/03/2013
EUA: artigo mostra algumas falhas sobre a relação de consumo de carnes vermelhas e morte precoce


Você pode ter ouvido falar ou lido sobre a cobertura da mídia sobre um estudo de pesquisa europeu publicado no BMC Medicine no começo desse mês que supostamente demonstrou – novamente – que comer carnes vermelhas, nutricionalmente falando, é como jogar bola com contêineres de nitroglicerina.

A Investigação Prospectiva Europeia em Câncer e Nutrição (EPIC), como o estudo foi chamado, foi certamente grande, pois examinou os hábitos dietéticos de quase 450.000 adultos saudáveis entre 35 e 69 anos de idade e bem focado. Segundo o estudo, o objetivo foi examinar a associação entre consumo de carnes vermelhas, carnes processadas e carne de frango com o risco de morte precoce. Previsivelmente, os autores concluíram que comer carnes vermelhas e processadas era muito ruim. “Estimamos que 3,3% das mortes poderiam ser prevenidas se todos os participantes tivessem um consumo de carne processada de menos de 20 gramas por dia”.

Estudos similares, notavelmente uma recente análise retrospectiva de dietas, de grande escala, feita por pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, confirmaram essa hipótese: a adição de apenas uma porção de carnes vermelhas por dia aumenta o risco de morte precoce em 13% (20% a mais se o consumo for de carnes processadas).

A maioria da cobertura da mídia sobre esses estudos para por aí e simplesmente conclui que o consumo de carnes vermelhas ou de carnes processadas fará com que as pessoas morram mais cedo. Entretanto, algumas fontes da mídia foram mais a fundo, uma delas foi a revista online Mother Jones, a autora do artigo, Stephanie Mencimer, escreveu: “O que as agências de notícias minimizaram sobre o estudo é que, apesar de seus melhores esforços, os pesquisadores da União Europeia (UE) não puderam encontrar nenhuma evidência de que a carne vermelha matará você. De fato, o que o estudo mostra é que não comer carne vermelha é um fator de risco para uma morte precoce”.

Após a correção de alguns erros de medida, Mencimer disse que os pesquisadores foram forçados a concluir que não somente o consumo de carnes vermelhas não estava associado com a mortalidade, mas também, que a mortalidade por todas as causas foi maior entre os participantes com consumo muito baixo ou sem consumo de carnes vermelhas.

Como isso poderia ser verdade, quando o governo, oficiais médicos e de saúde pública e líderes da Associação Americana do Coração sempre afirmaram que comer muita carne vermelha é uma causa direta de doenças cardíacas, derrame e outros problemas de saúde? Por duas razões: a primeira é que dados de Harvard mostraram que o consumo de carnes parece ter tido um efeito protetor para muitas pessoas. Como Mencimer citou, “até certo ponto, as pessoas que comem (carne) se saíram melhor do que aquelas que comiam pouco ou não comiam. Parte dessa confusão é que as pessoas que comem junk food (alimentos de baixo valor nutritivo, em oposição à carne vermelha) são menos saudáveis de inúmeras maneiras que torna quase impossível fechar em um único item alimentício como fonte de seus problemas de saúde.

Em segundo lugar, apesar do estudo EPIC ter ajustado para uma série de variáveis – idade, peso, educação, dietas em geral e tabagismo – uma avaliação mais atenta dos dados mostrou que as pessoas que comem bastante carne processada também tinham mais chances de serem fumantes, menos chances de comerem frutas e vegetais e tinham menores níveis de educação. De fato, de cerca de 127.000 homens participantes do estudo, somente 619 eram consumidores de grandes quantidades de carnes processadas e nunca tinham fumado. “[Esses consumidores de carne] eram mais gordos e se exercitavam menos do que o resto da amostra. E homens nessa categoria também são consumidores de álcool”. Eles também tinham outros hábitos não saudáveis, dando a ideia de que a carne vermelha sozinha foi o problema menos plausível.

Outra conclusão interessante é que as pessoas no estudo EPIC que comeram mais carnes processadas (mais de 160 gramas por dia) não morreram somente de doenças cardiovascular e câncer, que poderiam logicamente estar associadas com uma dieta ruim, mas também, morreram de acidentes de carro, outros acidentes e causas não relacionadas à dieta.

Apesar do grande número de participantes do estudo, os pesquisadores também terminaram com muito menos pessoas em certas categorias. Por exemplo, a pesquisadora britânica sobre obesidade e uma participante do EPIC, Zoe Harcombe, disse que somente poucas mulheres estavam na categoria de alto consumo de carnes processadas e que nenhuma associação entre consumo de carne processada e mortalidade precoce foi estatisticamente significante.

O artigo de Mencimer abre os olhos para um fato fundamental sobre todas as análises dietéticas, não importa o quão grande é a amostra. Doenças crônicas continuam sendo um desafio multivariado e de várias causas. Um fator único como comer carnes vermelhas simplesmente não pode ser tachado como culpado.

O artigo é de Dan Murphy, jornalista e comentarista da indústria alimentícia, publicado na Drovers, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

FONTE: BeefPoint


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