Tem aumentado a demanda de carne bovina de animais criados a pasto nos  Estados Unidos, para a surpresa de muitos varejistas que tradicionalmente não consideram carne de animais criados a pasto como de maior qualidade.

O fundador da Organic Valley, maior fornecedor de alimentos orgânicos dos Estados Unidos, George Siemon, disse que o impulso à carne bovina de animais criados a pasto começou com ativistas que queriam desafiar a indústria de carne bovina dominada por confinamentos em grande escala. Nesses confinamentos, os animais são alimentados com uma dieta rica em milho, designada a fazer com que os animais ganhem peso o mais rápido possível.

Hoje, Siemon disse que a carne de animais criados a pasto vai além disso. “Ela tem uma naturalidade que parece atrair o mercado principal”.

Porém, se você olhar cuidadosamente os rótulos da carne de animais criados a pasto, especialmente nas populares redes de supermercados, irá observar que grande parte dessa carne está vindo da Austrália.

Patricia Whisnant sabe sobre isso por experiência própria. Ela e seu marido são donos de um dos maiores produtores de carne de animais criados a pasto do país. Milhares de cabeças de gado pastam em mais de 4.046,85 hectares de pasto em sua fazenda.

Porém, pode-se ver uma abundância de carne bovina australiana em outros supermercados. A Organic Valley, por sua vez, compra toda a sua carne de animais criados a pasto da Austrália. Também há uma grande quantidade de carne produzida a pasto vinda do Uruguai e do Brasil.

Então, por que os Estados Unidos, maior produtor mundial de carne bovina, precisa ir ao exterior buscar carne desse tipo suficiente? Curt Lacy, economista agrícola da Universidade da Georgia, disse que algumas razões são muito simples. O clima, por exemplo. Na maior parte dos Estados Unidos, faz muito frio. Na Austrália, isso não acontece, de forma que há água e pasto o ano todo.

Também há a questão da terra. “Se você vai terminar gado a pasto, precisa de mais terra”, disse Lacy. “O pasto na Austrália é relativamente barato e abundante. Grande parte da carne bovina da Austrália vem da produção a pasto. Quando as operações de carne são de grande escala, tudo se torna mais barato, do abate ao transporte”.

Recentemente, a companhia Cargill, dos Estados Unidos, anunciou um novo acordo com o segundo maior produtor de carne bovina da Austrália, o frigorífico Teys, que já era uma joint venture da Cargill com a família Teys. A Cargill agora venderá mais carne australiana nos Estados Unidos, de animais criados a pasto ou confinados.

Para alcançar outros consumidores, as operações de produção de carne em sistema de pasto estão tentando ser mais eficientes também. Muitos estão aumentando em tamanho. Os Whisnants construíram sua própria operação de abate. Eles também estão vendendo carne via internet. Talvez algum dia, a carne bovina americana de animais criados a pasto não seja tão cara comparado com a carne australiana.

FONTE: Beef Point