A União Europeia adiou até o fim de janeiro um prazo previamente definido para este mês para a troca de ofertas com o Mercosul, a fim de estabelecer um acordo de livre comércio que envolveria proteínas e produtos agrícolas.

A UE está recebendo pressão de seus próprios processadores de carne suína, bovina e de aves para recuar quanto a novos acordos comerciais que permitam a importação de proteínas livres de tarifas para o continente, especialmente os três principais segmentos de carnes que tiveram um forte crescimento de produção nos últimos anos para o Brasil, Uruguai e Paraguai.

As cotas de importação livre de tarifas para carne suína e bovina já foram negociadas pela UE com o Canadá, e as discussões estão em andamento para cotas semelhantes pela Europa com os Estados Unidos.

Em uma nota relacionada, o governo brasileiro está perto de perseguir um processo formal com a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as barreiras comerciais da UE à importação de vários bens, incluindo a carne bovina. O objetivo é acelerar a primeira etapa de petições com a OMC em janeiro ou fevereiro, disseram fontes do governo ao jornal Folha de São Paulo.

O Mercosul teve sua oferta pronta antes do fim do prazo neste mês, mas o representante da UE, Karel De Gucht, disse ao ministro de Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, na conferência da OMC em Bali, no início deste mês, que a UE não estaria pronta a tempo.

O atraso inesperado frustrou líderes do agronegócio em todo o Mercosul. Havia sinais no início de 2013 de que a UE eliminaria completamente tarifas de importação de 90% dos produtos com o Mercosul, mas eram esperados muitos desafios quanto aos produtos do agronegócio, um foco de comércio para o Brasil.

A União Brasileira de Avicultura (Ubabef) manifestou preocupações em agosto sobre os atrasos entre o Mercosul e a União Europeia, com base em notícias de que a UE planejava reduzir as cotas de importação de carne avícola do Mercosul no futuro após atingir acordos comerciais com o Canadá e os EUA.

As negociações comerciais entre o Mercosul e a UE começaram formalmente em 2000, mas estagnaram em 2004 e mantiveram-se inacabadas desde então. Os dois lados reiniciaram os negociações em 2010, embora tenham sido interrompidas em 2011, quando o Paraguai foi suspenso por conta da destituição do então presidente Fernando Lugo. A suspensão do Paraguai terminou em agosto, quando o novo presidente Horacio Cartes assumiu o cargo.

FONTE: CarneTec