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06/11/2014
Embargo Russo põe europeus contra o Brasil


Produtores europeus de carne bovina começam a se desesperar com o embargo russo às suas exportações, que derrubou o preço da mercadoria nos 28 países-membros da União Europeia, e pedem com urgência subsídios para buscar novos mercados. Querem, ainda, barreiras contra importações para evitar o aprofundamento da crise causada pelo embargo da Rússia ao bloco, uma retaliação de Moscou diante das sanções decorrentes do conflito na Ucrânia.

O Brasil é um dos alvos da irritação europeia tanto por ser o primeiro beneficiário do embargo russo contra a Europa como porque, até agora, conseguiu manter estável sua participação de 42,7% nas importações europeias de carne bovina.

O sinal de alerta sobre a "situação crítica do mercado europeu" foi dado ontem por Jean-Pierre Fleury, que assumiu o cargo de presidente do grupo de carne bovina da Copa-Cogeca, confederação que representa milhares de pecuaristas dos países da UE. "Os membros do grupo foram unânimes em sublinhar o estado de crise do mercado de carne bovina", disse Fleury em nota. "Os preços caíram em toda a UE. O embargo imposto pela Rússia contra as exportações agrícolas, um peso forte para o setor, ocorre por razões políticas".

O Valor apurou que, entre janeiro e agosto, as exportações europeias de carne bovina e derivados para a Rússia aumentaram 80,4%, depois de terem declinado no ano passado. A expectativa dos exportadores europeus era elevar as vendas no quarto trimestre, quando a demanda cresce com as festas de fim de ano.

Em vez disso, as exportações europeias devem ser nulas, como impacto direto do embargo. E há outros reflexos. O preço das vacas caiu 7% na Europa, e o do leite também recuou. Para tentar ajustar a situação, pecuaristas europeus passaram a abater mais vacas leiteiras, o que acelerou a queda de preços. A expectativa entre produtores é que essa situação vai piorar nas próximas semanas. Cálculos indicam que os pecuaristas europeus estão perdendo € 300 por vaca abatida, em média.

Ao mesmo tempo, o Brasil manteve suas exportações de carne bovina para a UE, com 93 mil toneladas entre janeiro e agosto, do total de 217 mil importadas pelos europeus. Já o Uruguai, segundo maior fornecedor da UE, viu suas vendas caírem 9,6%, enquanto no caso da Argentina a retração foi de 15,7%. As exportações da Austrália para o mercado europeu cresceram 29% e as dos EUA, 5%. Esses dois países também retaliaram Moscou e não estão exportando carne bovina para o mercado russo.

Conforme pecuaristas europeus, o principal beneficiário do embargo russo é o Brasil - que, entretanto, tampouco pode fornecer toda a carne desejada por Moscou. Assim, o governo de Vladimir Putin procura diversificar as origens e habilitou para exportação frigoríficos de Paraguai, Índia, Mongólia e países africanos como Zimbábue e Botsuana.

A expectativa no mercado europeu é que as exportações brasileiras para a UE vão agora declinar, a começar por uma razão simples: o preço europeu caiu e a cotação do produto brasileiro aumentou de forma expressiva. Ou seja, a competitividade brasileira diminuiu. O preço europeu baixou tanto que até no Canadá e nos EUA está maior, afirma um pecuarista em Bruxelas.

Nesse cenário "excepcional", Jean-Pierre Fleury cobra da Comissão Europeia "medidas de urgência". Primeiro, a introdução rápida de medidas de apoio para estabilizar o mercado, incluindo subsídios às exportações. "A Comissão deve fazer tudo para encontrar novos mercados para nossos produtos de qualidade".

O dirigente também defende que barreiras sanitárias sejam impostas a produtos bovinos de emergentes e mesmo de outros países desenvolvidos. Fleury argumenta que o segmento europeu da carne bovina tem papel "fundamental" na garantia de emprego e de crescimento econômico em regiões onde não há outras fontes alternativas de trabalho.

Fleury é pecuarista, tem uma fazenda de 290 hectares, 190 vacas leiteiras e preside a Federação Nacional de Pecuária Bovina da França. E toda a ação do dirigente também não deixa de ilustrar as dificuldades para que um acordo de livre comércio entre UE e Mercosul seja alcançado.

Fonte: CNPC


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