O que você achou do nosso site?



04/12/2014
Carrapatos são controlados em rebanhos bovinos por meio de seleção genética


Fruto de pesquisas desenvolvidas a campo nos últimos anos, a metodologia identifica animais mais resistentes ao parasita para reproduzir filhos com a mesma característica.

A necessidade do controle é justificada pelos prejuízos que causam à pecuária brasileira: mais de US$ 2 bilhões anuais (em torno de R$ 5 bilhões). A identificação de animais menos e mais propensos à infestação é feita pela chamada análise genômica, cruzamento entre a contagem de carrapatos no animal e as informações genéticas.

A partir dessa correlação (entre a quantidade de carrapatos e diferenças detectadas no DNA), conseguimos saber o nível de resistência e quanto será transmitido aos herdeiros explica Fernando Flores Cardoso, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul.

Nos últimos quatro anos, projeto desenvolvido por Embrapa, Conexão Delta G e GenSys fez a genotipagem de 3,6 mil bovinos das raças hereford e braford no Rio Grande do Sul. Do rebanho avaliado, em processo que inclui três contagens de carrapatos por ano e coleta de sangue ou de pelo, quase 3 mil foram da raça braford.

Isso nos fez alcançar um teste com grau de precisão de 60% no braford. Agora, o desafio é fazer o mesmo com outras raças britânicas, já que cada uma requer análise específica explica Cardoso, acrescentando que 20% da propensão ao carrapato é genética, ou seja, passa de pai para filho.

Há pouco mais de um ano, criadores da Conexão Delta G, grupo de pecuaristas que trabalha com melhoramento genético das raças hereford e braford no Estado, passou a selecionar animais com base no teste genômico fazendo cruzamento entre bovinos menos suscetíveis ao parasita.

Utilizamos a genética para colocar no mercado linhagens mais resistentes ao carrapato. No catálogo de remates de touros, essa é uma informação diferenciada e valorizada destaca Eduardo Eichenberg, pecuarista em Alegrete e presidente da Conexão Delta G.

Com duas edições, um sumário de avaliação genômica das raças hereford e braford permite que o produtor identifique quais touros, com sêmen disponível no mercado, têm maior resistência ao parasita. O carrapato é um dos agentes de transmissão da tristeza parasitária, doença infecciosa que pode causar a morte.

Os benefícios ao selecionar animais menos vulneráveis são, por exemplo, a redução dos custos com carrapaticidas e de resíduos químicos na carne, salienta José Fernando Piva Lobato, professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Estamos falando de duas questões que são fundamentais para a pecuária: as despesas no manejo e um produto com qualidade, sem a ação de químicos observa Lobato.

O professor chama a atenção para a necessidade de uma convivência controlada com os carrapatos, necessários em pequena escala para manter a imunidade dos animais.

Testes da raça angus já começaram no Rio Grande do Sul

Duas fazendas gaúchas estão no centro de outro estudo, voltado à resistência ao carrapato em bovinos angus. A GAP Genética e a Cia Azul, ambas em Uruguaiana, começaram no ano passado a análise de 500 animais para criar um teste genômico da raça.

Queremos engajar outros criadores para termos uma precisão maior da análise, que deve ser feita em animais criados nas mesmas condições de manejo e tratamento conta a veterinária Susana Macedo Salvador, responsável técnica da Cia Azul.

Em 2013, a cabanha passou a fazer a contagem dos carrapatos em 200 novilhas. Neste ano, ampliou para outros 300 animais, entre machos e fêmeas.

O carrapato representa hoje uma das maiores perdas econômicas na propriedade, com custos diretos e indiretos. Mas sabemos que é um mal necessário, que precisamos conviver e controlar, ao mesmo tempo completa Suzana.

O projeto desenvolvido no Rio Grande do Sul com a raça angus deverá ser ampliado para Estados como São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Precisamos de uma amostra de pelo menos 3 mil animais para ter uma avaliação mais abrangente e eficaz explica o professor Henrique Nunes de Oliveira, coordenador do projeto Estudo Genômico da Resistência ao Carrapato em Bovinos da Raça Angus, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Eficiência na cruza com nelore

Bovinos mais resistentes a carrapatos deverão consolidar o cruzamento da genética britânica com o zebuíno nelore nas regiões tropicais do Brasil central. Mais sensíveis à infestação do parasita, animais de origem europeia sofrem para se adaptar em Estados com temperaturas elevadas durante todo o ano e, consequentemente, com maior grau de infestação.

O nelore já é naturalmente mais resistente ao carrapato, diferentemente dos bovinos de raças britânicas. Ao selecionar animais menos vulneráveis, a eficiência produtiva poderá ser a mesma em qualquer região do país completa Oliveira.

Fonte: Zero Hora


 Voltar  Enviar para um amigo  Imprimir

 30/05/2019 - Novo Site CIA/UFPR
 13/05/2019 - Acordo pode fortalecer EUA no mercado de carne bovina do Japão
 13/05/2019 - Queda no preço do milho deve elevar confinamento em até 7%
 13/05/2019 - Exportações de boi em pé ajudam a sustentar preços de reposição
 13/05/2019 - Previsão do tempo para esta Terça-feira (14/05/2019)

 
 

Nome
E-mail