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05/12/2014
Embarque de carnes à Rússia reflete baixa do rublo e despenca


A delicada situação econômica da Rússia atingiu em cheio os frigoríficos brasileiros em novembro. Até então favorecidos pelo embargo que Moscou impôs às importações de alimentos dos EUA e da União Europeia em decorrência da crise geopolítica na Ucrânia, os exportadores brasileiros de carne bovina já amargam queda de quase 60% nas vendas aos russos, em meio à forte desvalorização do rublo, à retração dos preços do petróleo e à sinalização de que a Rússia está à beira de uma recessão.

O tombo nas vendas para a Rússia também contaminou o humor dos investidores e intensificou um movimento de queda das ações de JBS, Minerva Foods e Marfrig Global Foods na BM&FBovespa a partir de segunda-feira, quando a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontou queda de 12,3% no volume total de carne bovina exportada pelo Brasil em novembro.

De acordo com dados da Secex, as exportações para a Rússia somaram 14,8 mil toneladas em novembro, queda de 59,69% ante as 36,7 mil toneladas vendidas aos russos em outubro, mês em que os frigoríficos brasileiros ainda se beneficiavam da crise geopolítica na Ucrânia que indispôs o governo russo a europeus e americanos.

Esse efeito benéfico aos frigoríficos brasileiros começou em agosto, quando o serviço sanitário russo habilitou mais de 80 estabelecimentos do Brasil para exportação. A medida foi uma forma de a Rússia retaliar as sanções econômicas impostas por EUA e União Europeia e também garantir a oferta de produtos básicos. Mas agora as sanções afetam seriamente a economia russa, reduzindo o poder de compra do importador.

"O importador precisa ter 30% a mais de rublo para comprar um dólar", diz Antônio Camardelli, presidente da Abiec, entidade que representa os exportadores de carne bovina. Em 18 de novembro, o Valor já havia informado que alguns importadores russos tinham dificuldades para obter crédito, mas os dados da Secex ainda não apontavam queda do volume. Nas duas primeiras semanas de novembro, as exportações de carne bovina in natura ao país somavam 12,4 mil toneladas. Isso significa que o mercado 'travou' de lá para cá, uma vez que em todo o mês de novembro as vendas do produto somaram 14,8 mil toneladas.

Como a Rússia tradicionalmente representa mais de 20% das vendas de carne bovina do Brasil e perde somente para Hong Kong na lista dos maiores importadores, a resposta dos investidores foi vender as ações de Marfrig, Minerva e JBS, que caíram 15,9%, 12,2%, e 10% entre segunda e terça-feira, respectivamente. Mas é preciso ponderar que o comportamento geral da bolsa também contribuiu para o movimento. O Ibovespa recuou 4,47% na segunda-feira e 1,27% no dia seguinte.

A preocupação dos investidores com a Rússia levou a Minerva Foods a uma medida inusual. Na terça-feira, a empresa divulgou o faturamento não auditado de outubro e novembro, que cresceu 40%, para R$ 1,4 bilhão. O Valor apurou que o objetivo do anúncio foi aplacar as especulações sobre o impacto da queda das vendas à Rússia, que é um cliente relevante para a Minerva Foods.

No período de doze meses encerrado no terceiro trimestre, os países da antiga União Soviética representaram 22% das exportações totais da empresa. Entre os frigoríficos brasileiros, a Minerva é o que tem a maior fatia do faturamento oriunda das exportações - cerca de 65% do total.

Ao que tudo indica, os investidores se acalmaram. Ontem, as ações dos frigoríficos se recuperaram e fecharam com forte alta: de 8,98% para a JBS, de 9,63 % para a Marfrig e de 3% para a Minerva. Uma das explicações para isso é que, apesar da importância da Rússia, a perspectiva para o mercado externo segue favorável. Além disso, o consumo de carne é sazonalmente mais alto no mercado interno no fim do ano.

As exportações de carne de frango e suína para a Rússia também caíram em novembro, mas o impacto foi menor que em bovinos. No caso da frango, porque os russos representam pouco mais de 3% das exportações. E embora a Rússia responda por 50% das compras de carne suína, a indústria tem trabalhado com margens elevadas, dado o cenário de escassez global de animais.

Fonte: Valor Econômico


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