Carne gourmet surge como nova aposta
Depois de se consolidar como principal exportador mundial de carne bovina no ano passado - posição que deve assegurar também em 2014 -, o Brasil avança em nicho especialíssimo: o de carnes gourmet, cuja tonelada chega a valer US$ 15 mil, três vezes mais do que a carne commodity in natura. O novo filão já começou a ser trabalhado, em Paris, França, durante a Sial 2014, uma das maiores feiras de alimentação do mundo, realizada entre 16 e 20 de outubro. Durante o evento, no estande da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), os convidados degustaram filé-mignon, alcatra econtrafilé, carnes nobres de animais cruzados da raça angus. A estratégia da Abiec, e dos parceiros Apex-Brasil e Associação Brasileira de Angus (ABA), idealizadora do Programa Carne Angus Certificada, era divulgar a pouco conhecida carne gourmet do Brasil. "Foi a primeira iniciativa do País no sentido de conquistar o valorizado mercado de carnes nobres" diz o diretor do programa, Reynaldo Salvador. Entre os principais países que hoje atuam nesse segmento estão Estados Unidos, Austrália, Argentina e Uruguai. "O Brasil deixará de exportar só a carne commodity para exportar marcas de carne", diz Salvador, acrescentando que, para chegar nesse nível e finalmente partir para desbravar o mercado externo, foram necessários dez anos de trabalho junto ao Ministério da Agricultura, até que habilitassem a primeira marca com essa característica. Esse é só o começo. "Atualmente, temos ao redor de 2 milhões de cabeças de novilhos cruzados angus, dos quais 350 mil cabeças estão certificadaspeloprogramaesão passíveis de serem exportadas - isso significa, em carnes nobres, uma disponibilidade de 17.500 toneladas", diz Salvador, acrescentando que não se poderia partir para a exportação sem a garantia de um número suficiente de animais que garantissem constância no fornecimento. FUTURO O plano da Abiec e da ABA, para 2015, é entregar a carne premium, com selo do programa na embalagem, diretamente para o varejo, em supermercados e restaurantes da Europa (principalmente para a Alemanha e para a Rússia), Ásia e Oriente Médio. Segundo o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, a entidade encomendou, juntamente com a Apex, um trabalho de branding para verificar qual era a visão dos importadores em relação à carne brasileira. "Nesse estudo, chegamos à conclusão de que já possuíamos uma participação muito grande em carne culinária e carne ingrediente", diz Camardelli. A pesquisa também apontou que o Brasil tem um espaço muito grande para crescer no patamar da carne gourmet. "Os resultados levaram a associação"de acordo com ele, "a focar nesse tipo de carne." Entre as estratégias para atrair o consumidor - uma vez que essa carne costuma ser exportada já embalada e com o selo de certificação e segue direto para as gôndolas do supermercado - está, segundo Camardelli, segmentar o marketing conforme o perfil do consumidor de cada país. "Queremos, em vez de fazer um tipo de mídia generalizado, conversar diretamente com o consumidor." Fonte: Tânia Rabello, de O Estado de S. Paulo
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