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17/12/2014
Embrapa mapeia degradação das pastagens do Cerrado


Mais da metade das pastagens localizadas no Cerrado brasileiro podem estar em algum estágio de degradação. São 32 milhões de hectares em que a qualidade do pasto está abaixo do esperado, comprometendo a produtividade e gerando prejuízos econômicos e ambientais. Este é o cenário considerado mais realista evidenciado pelo estudo desenvolvido pela Embrapa Monitoramento por Satélite (SP) e concluído em novembro. A recuperação poderia ajudar até a triplicar a produção de carne nessas áreas ou contribuir para a expansão da agricultura, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
 
O bioma Cerrado ocupa 203,4 milhões de hectares, o que corresponde a aproximadamente 24% do território nacional, abrangendo o Distrito Federal e mais 11 estados. Com características únicas, tem importância estratégica no cultivo de grãos e na pecuária, sendo o bioma com a maior produção agropecuária do País. Sozinho, responde por 55% da produção de carne. A pecuária tem participação significativa no produto interno bruto (PIB) e gera 6,8 milhões de empregos diretos e indiretos (8,3% dos postos de trabalho totais).
 
A pastagem extensiva é a principal fonte alimentar do rebanho brasileiro e contribui para a competitividade da produção nacional, que tem um dos menores custos no mundo, estimado em 60% e 50% daquilo que é gasto da Austrália e Estados Unidos, respectivamente. A degradação tem sido um entrave para o setor e as iniciativas de recuperação encontram dificuldades de implantação, entre outros motivos, devido à falta de informações atualizadas e detalhadas sobre a localização dessas áreas. Esses são dados fundamentais para políticas de recuperação e manejo racional das pastagens.
 
"A identificação, o mapeamento e o monitoramento do processo de degradação de pastagens no Brasil pode apoiar políticas públicas como o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal, que tem uma linha voltada exclusivamente para a recuperação de pastagens degradadas", explica o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Monitoramento por Satélite, Édson Luis Bolfe.
 
O estudo da Embrapa utilizou imagens do satélite Spot Vegetation e aplicou um coeficiente denominado Slope para identificar a ocorrência de pastagens com algum processo de degradação. O coeficiente foi utilizado como um ponto de corte ou referência para a definição de três cenários: muito otimista, otimista e realista. A pesquisa usou como base os dados do projeto Probio, do Ministério do Meio Ambiente, que contabiliza um total de 53 milhões de hectares de pastagens plantadas em todo o bioma Cerrado.
 
No cenário mais otimista, as pastagens consideradas com algum grau de degradação correspondem a cerca de 12,5 milhões de hectares, ou 24% do total das pastagens plantadas no Cerrado. No segundo cenário, classificado de otimista, essa área sobe para cerca de 18,4 milhões de hectares – 35%, um valor ainda menor do que aqueles estimados até então por estudos sobre o tema. Já num cenário considerado mais realista, foram identificados em torno de 32 milhões de hectares de pastagens degradadas, ou 60% das pastagens plantadas no Cerrado.
 
Em todos os cenários o estudo aponta para uma concentração da ocorrência de pastagens degradadas. Cerca de 80% dos locais em degradação foram encontrados nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, são justamente aqueles com as maiores extensões de áreas ocupadas por pastagem. O mapeamento pode auxiliar, por exemplo, no direcionamento de recursos e na orientação de iniciativas de recuperação em regiões prioritárias.

Acréscimo de até 3,6 milhões de toneladas de carne

"Estima-se que se forem recuperadas de 12,5 a 18,4 milhões de hectares de pastagens é possível um acréscimo na produção de carne bovina nessas áreas de 2,4 a 3,6 milhões de toneladas por ano", afirma o pesquisador da Embrapa Ricardo Guimarães Andrade, um dos responsáveis pela pesquisa. Ele ressalta que o Programa ABC tem por meta, até 2020, induzir a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas em todo o País.
 
Em termos ambientais, a recuperação de pastagens contribui para reduzir a pressão pela abertura de novas fronteiras para a expansão da agricultura e pecuária, por exemplo, em áreas de floresta nativa. O combate à degradação também ajuda a reduzir a emissão de gases de efeito estufa. "Em pastos recuperados é possível alcançar maior produtividade e menor emissão por animal, tornando a pecuária uma atividade economicamente mais rentável e ambientalmente mais eficiente", completa Guimarães.
 
A degradação das pastagens tem características diferentes em cada bioma. No Cerrado é caracterizada pela perda de produtividade em função da pouca oferta de água e de nutrientes. No bioma Amazônia, as razões tem maior relação com outros fatores, como a competição da forrageira com as plantas invasoras. Neste caso, é necessário desenvolver e aplicar técnicas diferenciadas de mapeamento. A Embrapa Monitoramento por Satélite possui outras iniciativas voltadas ao tema, como o projeto de pesquisa GeoDegrade, que estuda métodos de identificação e mapeamento de processo de degradação das pastagens nos biomas Amazônia e Mata Atlântica, além do Cerrado.
 
"Diante das dimensões do território brasileiro e das diferenças regionais, o desafio é chegar a números mais precisos e dizer onde estão essas pastagens que se encontram comprometidas e subutilizadas. O uso de geotecnologias, como o sensoriamento remoto aplicado em diferentes escalas, é a estratégia adequada para traçar um mapa das condições das pastagens para um país do tamanho do Brasil", reforça Bolfe.

Fonte: AgroLink


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