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15/01/2015
Problemas de manejo geram US$ 1 bilhão de perdas para o mercado de couro do Brasil


No ano passado, o faturamento das exportações brasileiras de couro cresceu mais de 17%. Mas o país com o maior rebanho comercial do mundo poderia faturar ainda mais se oferecesse um couro de melhor qualidade.

Da produção de couros do Brasil, 75% é destinada ao mercado internacional. Em 2014, as exportações do setor movimentaram US$ 2,947 bilhões.

O diretor comercial Rodrigo Saragiotto pagou mais caro pela matéria prima por causa do aumento da arroba, na negociação feita entre frigoríficos e curtumes o couro verde é vendido por quilo. A cotação no fim de 2014 chegou a R$ 4, no início do ano estava em R$ 2,80. O acréscimo foi de 30% no ano, e ainda faltou pele.

O couro é tratado como um subproduto da indústria focada na carne, o pecuarista recebe em torno de 7% do valor da arroba, independentemente da idade e das condições da pele. Talvez, por isso, a qualidade do couro brasileiro não seja prioridade das fazendas, perdendo destaque. De acordo com o presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtume do Brasil, José Fernando Bello, as perdas de pele chegam a 20%, o equivalente a um desperdício de quase US$ 1 bilhão.

A Embrapa Gado de Corte realizou um estudo em sete Estados do país, com o objetivo de mostrar a qualidade do couro produzido no Brasil. Foram analisadas sete mil amostras vindas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e Pará. Praticamente todas apresentavam marcas de ferro em locais não permitidos, cicatrizes provocadas por arame farpado, arbustos espinhosos e manejo com ferrões. As marcas de ferro e de parasitas são problemas comuns, que dependem exclusivamente do cuidado no manejo, com investimento em vacinação e trato animal. Acesse o estudo completo da Embrapa no box.

Qualidade

Depois que o couro sai do frigorífico, ele passa pelo primeiro estágio de curtimento, antes de ser classificado pela sua qualidade. A escala internacional vai de I a VIII, sendo I o produto da mais alta qualidade e VIII o de menor. Caso o produto não se encaixe em nenhuma dessas escalas é classificado como “refugo”.

No Brasil, existem apenas as últimas três classes: VII, VIII e refugo. A porcentagem de materiais adequados às outras classes, superiores, é irrelevante. Por esse motivo o couro nacional é um dos mais baratos do mundo. Como o país tem o maior rebanho mundial e o preço é baixo, as vendas no mercado internacional são um sucesso. Mas, para se ter uma ideia, o couro americano, europeu e australiano chega a valor duas vezes maior.

Alguns motivos para a desvalorização do couro são características intrínsecas ao gado brasileiro. Por exemplo: o boi nelore, que é a raça predominante no país, tem o cupim, uma característica típica em zebuínos, que resulta em um furo no meio da pele. Porém, o que leva o couro à depreciação no mercado é mesmo a sua classe de aproveitamento: com bernes, carrapatos, mosca do chifre, problemas de conservação e marcas de ferro, o aproveitamento é reduzido e o rendimento do que serve, baixo.

Problemas

O pior de todos é o berne. O parasita que chega a furar o couro e a cicatriz formada fica dura, impedindo que se consiga curtir direito a parte atingida. Esse tipo de couro já é facilmente classificado como refugo, se tem mais de cinco ou seis bernes isolados é refugo, se tem placas de berne já é um refugo muito ruim, difícil de vender.

O carrapato é algo que desclassifica o couro, porém, em pouca quantidade é aceitável. O couro não serve mais para artigos muito nobres, mas ainda não é um refugo. O problema é quando a pele está totalmente marcada de carrapatos, o que desclassifica totalmente o material.

As marcas de fogo nunca desaparecem, é uma cicatriz. Portanto, é igual a um furo, aquele pedaço do couro já está inutilizado. Se a marca é no rosto ou nas patas, não atrapalha muito, pois são partes já não usadas pela indústria, porém, a grande maioria das fazendas marca o gado no lombo, bem nas costas do boi, onde é considerada a melhor parte do couro. Isso, muitas vezes, desclassifica o couro para refugo.

No Nordeste, existe uma vegetação rasteira, muito espinhosa, que risca o boi inteiro. É algo que desclassifica a pele também, além de riscos mais fundos, geralmente feitos pelas lanças de ponta afiada que usam para tocar o gado.

Um couro sem estes problemas, com qualidade superior receberia entre 20% e 30% a mais dos curtumes. Com a melhoria gradativa do produto, o Brasil poderia alcançar outro patamar na indústria, em cinco ou dez anos de investimentos. Mas seria necessária a dedicação de todo o setor, para que o produto nacional, como um todo, subisse de categoria.

Conservação

Os problemas de conservação se devem mais ao trato dos frigoríficos e curtumes, e menos ao manejo pecuário.

Se o frigorifico não vender o couro verde na hora que é retirado, precisa salgá-lo ou mantê-lo em câmara fria, senão ele começa a apodrecer, o que pode inutilizar a pele. Da mesma forma que o curtume que comprar o couro, se não o curtir rapidamente depois de pegá-lo no frigorifico, pode ter problemas de putrefação e perder o material.

Fonte: RuralBr


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