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06/02/2015
Paralisação de fábricas de vacinas contra aftosa preocupa segmento


Responsável por quase metade das vacinas contra o vírus da febre aftosa produzidas no Brasil, a mineira Vallée foi obrigada pelo Ministério da Agricultura a suspender a produção em sua fábrica localizada em Montes Claros (MG) em razão de "não conformidades" com regras de biossegurança em vigor no país. Conforme o Valor apurou, a unidade foi paralisada em meados de janeiro e poderá ficar sem operar por até um ano.

A medida acendeu a luz amarela na cadeia de produção de bovinos. Isso porque, além da Vallée, a Merial, braço veterinário da farmacêutica francesa Sanofi, já não produz vacinas em sua unidade em Paulínia (SP) há mais de dez meses, também devido a "não conformidades" detectadas pelo Ministério da Agricultura. Juntas, Vallée e Merial respondem por 70% da produção brasileira de vacinas contra aftosa.

Em 2014, a meta do ministério era vacinar 167,922 milhões de bovinos e bubalinos na primeira etapa de vacinação, entre abril e maio, e 148,775 milhões de bovinos na segunda etapa, concentrada em novembro. O índice de vacinação ainda não foi divulgado. O rebanho bovino e bubalino do país está estimado em 207,8 milhões. A maior parte dos Estados do país vacina seus animais com até 24 meses duas vezes por ano. Acima dessa idade, a vacinação é feita apenas uma vez por ano. Santa Catarina é o único Estado livre de aftosa sem vacinação no país, segundo status conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Procurado, o Ministério da Agricultura assegurou que, apesar dos problemas, o abastecimento de vacinas está garantido. "Não há risco de desabastecimento de vacina contra a febre aftosa. Existem outras empresas autorizadas a fabricar as vacinas, e o ministério monitora mensalmente os estoques de vacinas disponíveis", informou a Pasta, por meio de sua assessoria da imprensa.

A avaliação é compartilhada por Emílio Salani, diretor de operações do Sindan, entidade que representa a indústria veterinária. Segundo ele, os estoques de segurança monitorados pelo ministério e outras empresas com capacidade ociosa são capazes de atender à demanda da primeira etapa da campanha de vacinação deste ano, entre abril e maio.

Como os estoques não são suficientes para o ano todo, o ritmo de produção das outras companhias que atuam no segmento (Biovet, Ourofino, Innova e Biogénesis­Bagó) será vital para o equilíbrio do mercado caso os problemas com as fábricas paradas perdurem. "[O estoque] não é suficiente para atender novembro", disse Salani, em referência à segunda etapa de vacinação. Ainda assim, ele ressaltou que todas as empresas "associadas ao Sindan têm capacidade acima do volume que tradicionalmente produzem".

Em entrevista recente ao Valor, o diretor­geral da Hertape, Ricardo Renault, informou que fábrica da Innova ­ joint venture entre Hertape e Eurofarma ­ é capaz de produzir 150 milhões de doses ao ano. Na ocasião, ele disse que a empresa produziu 60 milhões de doses em 2014. Já Ourofino e Biovet tem capacidade para 40 milhões e 60 milhões de doses por ano, respectivamente.

Se o risco de desabastecimento é minimizado, o impacto comercial da paralisação da fábrica da Valée, que tem capacidade para produzir 200 milhões de doses ao ano, é grande e pode respingar sobre duas das maiores veterinárias que atuam no país: as americanas MSD (controlada pela Merck) e Zoetis. A Vallée é fornecedora das duas empresas, que não têm no Brasil fábricas de vacinas contra aftosa, vírus que ainda é o principal mercado para a indústria veterinária no país ­ em 2014, movimentou R$ 360 milhões. No total, o faturamento anual da indústria supera os R$ 4 bilhões.

Segundo o Ministério da Agricultura, a suspensão da fábrica da Vallée foi determinada após uma inspeção realizada no fim do ano passado detectar problemas na área da unidade onde se dá o processo de manipulação do vírus. Trata­se de uma área delicada, que deve operar com pressão negativa.

Ao Valor, o diretor comercial da Vallée, Ricardo Pinto, negou que o problema seja no processo de manipulação do vírus. Segundo ele, a principal "não conformidade" detectada envolvia o tanque de efluentes, que não estava de acordo com a Instrução Normativa nº 5, norma editada em 2012 que atualizou os parâmetros de biossegurança.

Segundo o executivo, a mudança exigida no tanque de efluentes já foi feita e a Vallée já solicitou nova inspeção do ministério para que a fábrica seja reaberta. Apesar disso, Pinto reconhece que, para se adequar totalmente à normativa, a empresa mineira precisa realizar outras mudanças, que incluem a troca de equipamentos que já foram encomendados. Ele admite que as trocas podem levar até seis meses, porque os equipamentos foram importados da Alemanha. Mas defende que a correção do tanque de efluente é suficiente para permitir a reabertura.

No entanto, um especialista do segmento disse que uma obra como a que a empresa precisa fazer para se ajustar às normas em vigor leva em torno de um ano entre manutenção e o processo de validação do Ministério da Agricultura, procedimento necessário para que a retomada da fábrica seja autorizada. Questionado pelo Valor, a Pasta informou que a Vallée já "apresentou plano de correção" e que ele está em avaliação no Departamento de Fiscalização de Produtos Agropecuários (DFIP) do ministério.

Sem produzir há mais de dez meses, a Merial também foi obrigada a corrigir não conformidades na área de manipulação do vírus em sua fábrica em Paulínia. OValor apurou que a empresa investiu cerca de R$ 5 milhões para realizar adequações na unidade e já enviou documentos para que o Ministério da Agricultura autorize a retomada da produção. Paralelamente, a Merial também está investindo cerca de R$ 170 milhões na construção de uma nova fábrica de vacinas contra aftosa, em Paulínia. A previsão é que essa unidade seja concluída em 2016, conforme já foi anunciado. A nova unidade estará totalmente
adequada aos padrões da IN nº 5.

Procurada, a MSD informou que "não tem nenhum problema com o fornecimento de vacinas para aftosa" e que o pedido de vacinas para o ano de 2015 está "confirmado". A Zoetis não comentou.

Fonte: CNPC


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