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16/03/2015
Dólar forte turbina resultados da JBS


Depois de fechar 2014 com receita líquida de R$ 120 bilhões e confirmar a posição de maior empresa privada não financeira de capital aberto do Brasil, a JBS espera outro ano de bons resultados, apesar das perspectivas de queda do PIB do país em 2015. A razão para o otimismo tem nome: dólar forte.

Com 80% de suas receitas na moeda americana (provenientes de exportações e das vendas no mercado americano), a JBS, maior empresa de proteínas animais do mundo, viu seu faturamento líquido aumentar 30% ano passado na comparação com 2013, como adiantou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

Em entrevista ao Valor, Wesley Batista, presidente da JBS, atribuiu o crescimento às várias aquisições feitas pela companhia em 2014 - entre as quais as operações da Tyson no Brasil e no México -, à valorização do dólar em relação ao real e também ao avanço nas vendas na JBS Foods (divisão de aves, suínos e processados), na área de bovinos, na Pilgrim's Pride (subsidiária de aves nos EUA) e nas operações australianas.

"A JBS é uma empresa que tem, hoje, 80% das receitas em dólar. À medida que o real se enfraquece, isso tem uma contribuição expressiva na receita", observou o presidente da companhia, acrescentando que o câmbio médio passou de R$ 2,1576, em 2013, para R$ 2,3535 no ano passado.

Ele não informou a estimativa da empresa para a receita neste ano, mas indicou que o crescimento deve ser expressivo. "Não vou falar o número de 2015 porque não damos guidance. Mas, se tivemos R$ 120 bilhões com câmbio médio de R$ 2,35, imagine como será a receita se o câmbio médio ficar acima de R$ 3,00". Neste ano, o dólar já se valorizou 17,32% ante a moeda brasileira.

Além do avanço na receita, a JBS também registrou aumentos expressivos no lucro líquido e no resultado operacional. O resultado líquido ficou em R$ 2,04 bilhões no ano passado, quase 120% acima de 2013, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 11,1 bilhões, 81% mais que no ano anterior. Com esse desempenho, a margem líquida subiu de 6,6%, em 2013, para 9,2% no ano passado.

A melhora operacional permitiu à JBS reduzir seu endividamento líquido e a alavancagem em 2014. No fim do quarto trimestre, a dívida líquida era de R$ 25,168 bilhões, queda de 2,6% na comparação com o trimestre anterior. Como resultado, a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) caiu para 2,1 vezes no fim de 2014 - era de 3,7 vezes um ano antes.

"Nosso objetivo é continuar desalavancando este ano", afirmou Batista. Além da geração de caixa livre de R$ 4,7 bilhões no ano passado (641% maior que em 2013), ele também destacou a estratégia de hedge da companhia para se proteger da variação cambial como outra razão para a queda do endividamento.

"Não tivemos impacto de variação cambial em 2014. Mantivemos nossa estratégia de não ficar exposto em dólar e carregamos posição hedgeada desde o primeiro trimestre de 2014", disse. Ele explicou que 100% da exposição da companhia ao dólar (diferença entre o endividamento em dólar e os recebíveis na moeda americana) estava hedgeada no ano passado por meio de instrumentos derivativos.

Afora a meta de continuar o movimento de desalavancagem, a JBS também deve focar em crescimento orgânico este ano. "Não é ano de aquisição, mas não quer dizer que não vai ter nada", observou Batista, reconhecendo que aquisições pontuais podem ocorrer. Apesar de afirmar que o processo de internacionalização da companhia, iniciado há cerca de dez anos, ainda não acabou, ele disse que a JBS não tem planos, no médio prazo (três a quatro anos) de fazer aquisições na China ou no Oriente Médio. "Não achamos que seja o momento, temos ainda muita oportunidades onde já estamos", afirmou.

Com 215 mil funcionários ao redor do mundo, a JBS tem hoje operações na América do Sul, América do Norte e Austrália.

Embora a companhia esteja otimista com o desempenho em 2015, decidiu suspender a oferta inicial de ações da JBS Foods em decorrência das condições atuais do mercado brasileiro. De acordo com Batista, "não há ambiente para fazer um IPO [ainda mais] quando não se precisa. Enquanto algumas coisas não se dissiparem, não vamos ter momento propício para emissão de equity no Brasil. Enquanto houver operação Lava-Jato, [crise] na Petrobras e incerteza se o Legislativo vai apoiar as medidas de austeridade fiscal do governo, não tem ambiente".

Mas Wesley Batista tenta manter o ânimo, e disse acreditar que "algum momento essas incertezas vão passar. Há investidores querendo investir. Não tenho dúvida de que Brasil vai superar isso".

A perspectiva de queda do PIB no Brasil torna o momento desafiador para as empresas do país, mas Batista afirmou estar otimista. "Estamos confiantes de que teremos um ano melhor em 2015 do que em 2014, que já foi um bom ano. Porque temos uma grande parcela do nosso negócio baseada em países que estão indo bem. Além disso, o dólar traz benefício extraordinário para a JBS", reiterou. Segundo ele, a alta do dólar é favorável à JBS Foods, que tem 50% de suas receitas na exportação.

No caso do segmento de bovinos, o dólar mais alto também é uma boa notícia, mas Wesley ponderou que os maiores clientes do Brasil no exterior, como Rússia e Venezuela, são altamente dependentes do petróleo, cujos preços estão em baixa. Isso significa queda nas exportações de carne bovina do Brasil, o que já vem ocorrendo. Diante disso, previu, os preços de venda no mercado internacional devem ter queda de forma geral, já que haverá sobreoferta em outros mercados por conta da redução das vendas para Rússia e Venezuela.

Mesmo que haja desaquecimento no mercado doméstico, Batista não acredita que o consumo de proteínas será afetado. "Quando começa a ficar mais apertado, as pessoas deixam de viajar, de trocar geladeira, carro. Mas consumo de proteína é consumo básico de alimentos. Vi isso nos EUA durante a crise. O americano não deixou de comer o que comia", afirmou, admitindo que pode haver substituição por proteínas mais baratas.

Para o presidente da JBS, os ajustes na área fiscal propostos pelo governo Dilma Rousseff são necessários. "Você faz o que pode quando pode, tem que apertar o cinto quando tem que apertar o cinto. O Brasil fez movimentos quando o cenário permitia e agora tem que cortar gastos, e a sociedade inteira vai pagar um pouco dessa conta", observou. Ele acrescentou, porém, considerar que a sociedade se beneficiou nos últimos anos, com incremento de renda. "É o momento de a sociedade entender que tem de dar uma contribuição ao país".

Fonte: CNPC


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