Frigoríficos suspendem atividades pressionados por alta do boi
Mais dois frigoríficos anunciaram nesta semana a suspensão de atividades, pressionados por alta do preço e pouca oferta de boi para abate, enquanto o repasse de custos para o consumidor é limitado pela redução do consumo em momento de alta geral dos preços no país. A JBS, maior processadora e exportadora de carnes do mundo, suspendeu desde o último dia 2 de junho as atividades em sua unidade de Ariquemes (RO), onde trabalhavam 267 pessoas. “O motivo para a suspensão dos trabalhos se deve à baixa disponibilidade de matéria-prima em algumas regiões do país, que tem provocado um sistemático aumento da ociosidade na indústria nacional”, informou a companhia em nota na quarta-feira (3). Os trabalhadores poderão ser transferidos, se tiverem interesse, para unidades em Rondônia ou outros estados. A JBS ainda mantém em operação cinco unidades em Rondônia, nos municípios de Pimenta Bueno, Rolim de Moura, São Miguel do Guaporé, Porto Velho e Vilhena. A empresa já havia anunciado, em maio, a suspensão das atividades em São José dos Quatro Marcos (MT), com dispensa de cerca de 650 funcionários. Para evitar demissões em outras unidades da companhia em cidades próximas, o Ministério Público do Trabalho (MPT) chegou a entrar com pedido de liminar, concedido pela Justiça do Trabalho na semana passada, que proíbe a empresa de realizar dispensa em massa na unidade em Araputanga (MT) sem prévia negociação com o sindicato. A JBS revelou que não avalia dispensas nessa planta, mas o MPT confirmou que resolveu agir de forma preventiva. Já a Marfrig, segunda maior processadora de carne bovina do Brasil, reduziu operações de armazenamento e distribuição da unidade de Promissão II, no interior de São Paulo, com o desligamento de centenas de trabalhadores. “A empresa realizará avaliações internas em busca de alternativas para reter parte dos colaboradores, oferecendo a eles algumas vagas para atuar no Centro de Distribuição, que será instalado no lugar da planta de Promissão II, e também a opção de transferência para outras unidades da Marfrig”, informou a empresa em comunicado. Novos fechamentos Novos fechamentos e suspensões temporárias de atividades em unidades frigoríficas no Brasil ao longo do ano ainda podem ocorrer, diante das perspectivas de que inflação alta e escassez de boi gordo persistam, avalia o consultor da MB Agro, Cesar de Castro Alves. “Acredito, sim, que tende a piorar, pois a inflação seguirá alta, a escassez de gado não deve mudar mesmo com uma perspectiva positiva para os confinamentos (ração barata e boi em alta), pois estes serão limitados pela disponibilidade de gado magro”, disse Alves à CarneTec. Segundo Alves, a escassez de gado em plena safra se mostrou insuficiente para aliviar a pressão de custo sobre os frigoríficos e a tendência é que esta situação fique ainda mais difícil, já que as pastagens estão piorando. Fonte: BeefWorld
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