A carne que o mundo quer, o Brasil tem para oferecer
A abertura e reabertura de mercados externos para a carne bovina brasileira abrem um leque de possibilidades para a produção dos pecuaristas brasileiros. Um dos grandes mercados alcançados pelo Brasil são os Estados Unidos: os americanos são grandes exportadores de cortes nobres, mas o alto consumo interno de hambúrguer faz com que a produção local não seja suficiente para atender a demanda da população, sendo necessária a importação de cortes dianteiros. De acordo com relatório de projeções da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), estima-se que sejam enviadas mais de 20 mil toneladas de carne aos Estados Unidos até o final do ano. "De início, os americanos devem comprar cortes dianteiros magros. A carne importada deve ser processada junto com a produzida no próprio país para que eles consigam atingir o nível de gordura desejado para a fabricação de hambúrgueres", explica o diretor-executivo da associação, Fernando Sampaio. A partir da abertura do mercado americano, outros importantes destinos devem se viabilizar. "Os EUA são referência para todo o mundo por ter rigorosos sistemas de restrições, e a conquista desse mercado garante um selo de aprovação ao produto brasileiro", destaca José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP. Um dos países que já está no radar do Brasil é o Japão, que embargou a carne brasileira no fim de 2012, em função de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB - popular "doença da vaca louca") em um animal morto em 2010, em Sertanópolis, PR. Uma missão deve ser enviada para o Brasil em agosto para estudar a suspensão do embargo. "É um processo longo, que ainda deve demorar bastante, mas que trará ótimos frutos. Junto com o Japão deve vir a Coreia do Sul, que é outro importante mercado. A parceria será muito lucrativa, pois ambos têm demanda por carnes com muita cobertura de gordura e são conhecidos por serem ótimos pagadores", avalia Alex Lopes da Silva, consultor da Scot Consultoria. Os japoneses foram grandes compradores de carne industrializada brasileira e após o rompimento da restrição espera-se que os asiáticos passem a importar carne in natura. "O mercado asiático valoriza muito a cobertura de gordura sobre a carne, o que não representa nenhuma dificuldade para os produtores brasileiros. Na última década o Brasil diversificou o seu sistema de produção e, hoje, conseguimos produzir para todos os tipos de mercado. Basta a demanda surgir que a produção se adaptará rapidamente", acrescenta Alex. Novos mercados à vista Além de Japão e Coreia do Sul, outros mercados em potencial são Canadá e México. "Sem dúvida a proximidade com os Estados Unidos abriria as portas para toda a América do Norte. São mercados amplos na compra de cortes e que devem garantir maior estabilidade às exportações", pontua Ferraz. A possível abertura desses mercados traz a necessidade de ampliação do sistema de produção brasileiro. Mas, de acordo com Alex Lopes, isso não deve acontecer a curto prazo, já que dois dos principais parceiros comerciais do Brasil, Rússia e Venezuela, reduziram suas importações em cerca de 50% cada um no primeiro semestre desse ano. "Temos total condição de atender as atuais demandas dos mercados externos sem maiores esforços. A princípio, os novos parceiros devem ocupar a lacuna deixada por antigos compradores". José Vicente Ferraz relembra que para atender essas demandas será necessário ficar atento à produtividade. "Com abertura ou não é preciso aumentar a produtividade da pecuária brasileira. Ou seja, é necessário produzir mais com menos. A partir disso toda a cadeia conseguirá sua margem de lucro e o produto chegará a um preço razoável ao consumidor final". Outros mercados Outro importante parceiro comercial, a China abriu recentemente as portas para a carne brasileira e importou três mil toneladas no início de junho. O país asiático absorve quase todos os cortes, principalmente miúdos. Assim como o Japão, a Arábia Saudita impôs embargo à carne brasileira desde o fim de 2012. Representantes do país estiveram no Brasil em junho e a suspensão da restrição pode estar próxima. Os árabes são importadores de cortes dianteiros, com certa participação de traseiros, como filé mignon e contra filé, para atender restaurantes e hotéis. Os animais enviados para os arábes passam por um abate diferenciado, conhecido como halal, em que são oferecidos a Alá antes de serem mortos por degola. O procedimento é realizado por um supervisor islâmico e o animal deve estar posicionado na direção da cidade de Meca, na Arábia Saudita. FONTE: Beefworld
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