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11/04/2016
Sistema São Mateus: 25@ de carne e 62 sacas de soja/ ha/ ano


Em 2008, começavam os testes de um sistema desenvolvido pela Embrapa que ganhou o nome da fazenda onde primeiro se instalou: São Mateus. O sistema consiste na inversão da ordem de implantação da integração-lavoura-pecuária (ILP), com a semeadura do pasto antes de qualquer lavoura.  “Trata-se de uma tecnologia testada e aprovada pela Embrapa para recuperar áreas de pastagem degradada que nasceu no Mato Grosso do Sul, mas tem potencial para resolver um problema que não é só nosso”, afirma Júlio Cesar Salton, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste. A iniciativa também congrega a unidade da Embrapa Gado de Corte.

Oito anos depois do início dos trabalhos, a Fazenda São Mateus, em Selvíria (MS), traduz em números o sucesso do sistema, que combina a pecuária intensiva e o cultivo da soja. Em 2015/2016, a produtividade de carne foi de 25@/ha e a de soja de 62 sacas/ha.

“Estamos falando de um exemplo excepcional. De uma fazenda em que os animais têm boa genética, onde o manejo é bem feito, mas, de forma geral, quem adota o sistema tem potencial para triplicar ou até quadruplicar a produção sem muito esforço”, diz Júlio Cesar.  A lotação na fazenda é de 6 cabeças/ha na época das águas e de 2,5 cabeças/ha na seca. A característica da região - que motivou a criação do sistema - é ter solos arenosos, que dificultam a absorção de água, e distribuição irregular de chuvas ao longo do ano com ocorrência de veranicos (períodos de estiagem e forte calor durante os meses chuvosos).

Funcionamento

O primeiro passo para implantação do SSMateus é promover a correção física e química do solo com o detalhe de que, na sequência, será feito o cultivo da pastagem. “No passado, o produtor aplicava os corretivos e imediatamente fazia o plantio da soja”, diz Júlio Cesar. No modelo do SSMateus a recomendação é aplicar os corretivos entre novembro e dezembro, fazer o plantio de capim e introduzir os animais entre janeiro e fevereiro na área, quando a forragem terá se formado. Nesse meio tempo o solo tem condições de incorporar os nutrientes e fertilizantes, processo favorecido pela ocorrência de chuvas. Fazendo uso da pastagem, o pecuarista ainda mantém a produção com chance de amortizar, em parte, os gastos com correção e adubação.

A média de produtividade do sistema é de 15@/ha, o triplo do que se verifica nas propriedades que não fazem uso de integração. Foi assim também com a Fazenda São Mateus, que no primeiro ano após a colheita da soja conseguiu lotação média de 4 UAs/ha contra 1,47 UA/ha no pasto em degradação e produtividade de 15 @/ha, enquanto não passou de 4,5 @/ha o total na área de referência.

Passado um ano, o pasto reformado é dessecado para entrada da primeira safra de soja. A pastagem de boa qualidade produz palhada com sistema radicular mais profundo e permite a formação de um reservatório de água da chuva. Sem sofrer com a falta d’água, a soja alcança maior nível de produtividade. Segundo Júlio Cesar, a média do SSMateus é de 42,8 sacas/ha. A fazenda piloto, no ciclo 2009/2010, teve produtividade de 51 sacas/ha. Experimentos paralelos conduzidos na fazenda pioneira nos primeiros anos de implantação do sistema também mostraram que diante da ocorrência de veranicos houve quebra em quase todas as safras de soja onde não havia integração. Já nas áreas com integração nem mesmo períodos com pouca oferta de chuva para o enchimento dos grãos inviabilizaram a produção.

Recuperada a pastagem, a rotação é feita em ciclos sucessivos de uma safra de soja e duas de boi.

Perspectiva

O Bolsão Sul-Mato-Grossense, onde está localizada a Fazenda São Mateus, é formado por 16 municípios que, juntos, ocupam uma área superior a 8 milhões de hectares. De acordo com a Embrapa, pelo menos 3 milhões de hectares têm o perfil para implantação do SSMateus. “Levando-se em consideração que um milhão de hectares seja recuperado, a região terá um incremento na produção de R$ 2,415 bilhões/ano. Sem falar dos benefícios sociais e ambientais que isso gera”, analisa Júlio Cesar Salto. Segundo ele, o modelo tem potencial para ser replicado em outras regiões do Brasil-Central. A Embrapa se coloca à disposição para receber dúvidas dos produtores dispostos a saber mais sobre o sistema.

“Não há uma única forma de trabalhar a integração-lavoura-pecuária ou mesmo lavoura-pecuária-floresta nesse país de grandes dimensões. O que se sabe é que combinar agricultura e pecuária é completamente factível”, afirma. Os benefícios, de acordo com o pesquisador, vão do uso consciente de insumos, redução das emissões de gases do efeito estufa e responsabilidade ambiental à geração de emprego e renda.


Fonte: Portal DBO


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