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30/06/2016
Fazenda Genko vira modelo em Umuarama, PR


Quem circula pelo trecho ainda não asfaltado da Estrada Boiadeira (BR 487/PR), que liga Campo Mourão a Porto Camargo, na divisa do Paraná com o Mato Grosso do Sul, se surpreende com o que vê na altura do município de Umuarama. Os pastos verdes, vistosos e abundantes da Fazenda Genko contrastam com os de seu entorno, bastante degradados. Ambos se encontram no chamado “Arenito Caiuá”, uma enorme mancha de 3,2 milhões de hectares (16% da área total do Estado) que detém perto de um terço do rebanho bovino do Estado, estimado em 9,2 milhões de cabeças.

Nessa  região, o teor de argila dificilmente passa da casa dos 15%, com muitas áreas apresentando até 95% de areia. Mas nem sempre foi assim. A Genko também foi afetada pela degradação. A diferença dela para os vizinhos é que os proprietários não hesitaram em botar a mão no bolso e investir R$ 1 milhão para melhorar seu sistema produtivo. Quase um terço disso foi para reformar ou recuperar 504 ha de pastos degradados, a maior parte do desembolso em adubação pesada, como se a pastagem fosse uma lavoura. Da mesma forma, investiram na melhora da qualidade do rebanho, introduzindo sangue Angus no plantel de fêmeas Nelore. Como resultado, o lucro líquido por hectare da propriedade saltou 127% em quatro anos. A lotação, que era de 1,36 unidades animais (UA)/ha em 2011 chegou a 4,2 UAs/ha em 2015.

O reflexo na comercialização não demorou a aparecer. Hoje a fazenda recebe bonificação sobre o preço de mercado para 17% dos animais abatidos que integram um programa de carne de qualidade da Cooperativa Maria Macia, sediada em Campo Mourão, PR (veja quadro à página 92). O reconhecimento pelo trabalho teve seu ponto alto em novembro de 2015, quando a Genko recebeu, da Embrapa, o atestado de Boas Práticas Agropecuárias (BPA), categoria bronze (atendimento de 80% dos itens obrigatórios e 60% dos altamente recomendáveis).

Além de recursos, a guinada da Fazenda Genko exigiu coragem e eficiência tecnológica. Até o início desta década, o quadro de baixa fertilidade do solo incomodava bastante os donos da propriedade, os irmãos Hélio Shimabukuro, Marisa Shimabukuro Kusakawa e Elisa Shimabukuro Ikuta. O giro do rebanho era lento – eram necessários de  três a quatro anos para se terminar um animal – e a rentabilidade, baixa (lucro líquido de R$ 165 ha/ano), deixando a eles apenas duas saídas: ou arrendavam a fazenda para o cultivo de cana ou investiam em um novo perfil de solo para revitalizar os pastos e intensificar a produção.

A opção do arrendamento oferecia uma perspectiva de receita de R$ 1,2 milhão/ano , resultantes de uma área cultivável de 1.597 ha (de um total de 1.996 ha) a R$ 800/ha/ano. Mas a decisão de apostar numa nova pecuária se mostrou acertada: após a recuperação de 30% da área (504 ha), em 2015 a produção e comercialização de 383 machos com idade entre 17 e 18 meses de idade com peso de até 22 @, além da venda de 392 novilhas, 103 vacas e quatro touros, resultaram num faturamento bruto próximo dos R$ 2 milhões, deixando um lucro líquido de R$ 600.000, que será reinvestido na propriedade.

A sócia Marisa Kusakawa explica que isso será possível graças ao retorno obtido pela família em outra atividade comercial, uma rede de lojas de calçados, roupas e acessórios em Maringá, também na região oeste do Estado. “Nenhum de nós recebe pró-labore”, ressalva.

Os resultados financeiros nos primeiros quatro anos de trabalho não podem ser subestimados. Entre 2011 e 2015 a receita total aumentou 63%, pulando de R$ 1,215 milhão para R$ 1,975 milhão. No mesmo período, o lucro líquido por hectare saltou de R$ 165 para R$ 375 (127%). Mesmo com apenas um terço da fazenda revitalizado, os índices zootécnicos também já apresentaram significativa melhora no mesmo período. O peso médio dos animais abatidos subiu de 17,1@ para 19,1@ (12%) e a taxa de lotação pulou de 1,36 UA/ha para 1,95 UA/ha ( 43%). Nas áreas já reformadas/recuperadas, a média atinge 4,2 UA/ha.

Calagem e capim diferente - Para reverter a situação de baixa fertilidade e
 alta degradação do solo a primeira providência foi se aproximar de alguém que conhecesse do assunto. No dia 3 de março de 2012 houve a primeira reunião entre a família e o consultor Paulo Emílio Prohmann, que, de cara, descartou a possibilidade de reforma e recuperação dos pastos através da integração lavoura-pecuária (ILP). “Não há cultivo de grãos nesta região e o trabalho começou a ser feito ëno peitoí, com recursos próprios”, lembra o consultor.

Depois de avaliar as análises de solo anteriormente encomendadas pela família, Prohmann jogou forte na correção por calagem. “Havia um desequilíbrio de macronutrientes e apenas 0,7% de matéria orgânica no solo. Como o solo necessitava, focamos na aplicação de muito calcário, que geralmente é negligenciado”, conta. Pela análise de solo, seria necessária uma tonelada e meia de calcário/ha. Mas Prohmann preferiu se basear pela necessidade de uma lavoura de soja ou de milho de alta produtividade e aumentou a recomendação para 3 t /ha. “Tratamos o pasto como grão, para ter, também, resultados financeiros semelhantes a eles”, justifica.


Fonte: Portal DBO


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